Courage Tower, Cardinal Three Two, Delta, Angels One breaking away... o GAE a bordo do USS America.
...em 1977, com o Minas Gerais aí pela metade do seu grande período de manutenção e modernização, o 1º Grupo de Aviação Embarcada não tinha um convés-de-voo onde treinar suas tripulações novas, nem manter as qualificações dos veteranos. Contudo, em junho daquele ano, a passagem do USS America CV-66 pela costa do Brasil ofereceu uma oportunidade para as tripulações do 1º GpAvEmb se reencontrarem com as operações aéreas embarcadas, ainda que só para fins de qualificação e requalificação.
O então Sargento Orlando, da Seção de Comunicações do Grupo e, também, membro das equipagens de combate da unidade, registrou que eram tempos do "[...] comando do T.Cel. Saback [...] embarcamos no USS América, CV66, que estava fundeado
em Salvador e viria para o Rio. Ficamos uma semana à bordo em adestramento de
pouso e arremetida. Para mim, foi muito gratificante fazer parte da equipe de
manutenção, pela oportunidade de conhecer esta verdadeira fortaleza da Marinha Americana.”
Firmemente calçados e peiados, os aviões do 1º GpAvEmb realizam as verificações pré decolagem. |
Naquela ocasião o 1º GpAvEmb levou para bordo do America os 7015, 7016, 7017,
7025, 7026, 7032, 7034 e 7035, e de acordo ainda com o Sargento Orlado, “Éramos expressamente proibidos de
tirar fotos. Lembro-me que, estando no convôo assistindo às manobras, onde quer
que andássemos, tinha alguém 'filmando' a gente. Como havia vários Esquadrões da
USN, de vários Estados diferentes, faziam questão de mostra as suas aeronaves,
como funcionavam "alguns" equipamentos etc. [...] valeu muito a
oportunidade oferecida.
Por sua vez, o então Capitão Aviador Dominguez ofereceu aos veteranos, e eu compartilho com o prezado leitor, uma curiosa perspectiva dos pilotos, considerando que havia uma significativa diferença de tamanho entre o Minas Gerais e o America (a favor do America, por óbvio):
"Eu
também achei o USS America pequeno, quando, numa comissão de treinamento de
pouso a bordo, enganchei lá e o orientador só me alinhou e mandou decolar de
onde eu estava... Mas... não tinha que voltar até a popa para usar a pista
toda [no Minas, a manobra era mandatória, pela pouca pista restante, e pela falta de velocidade do navio]? Não, era dali mesmo [onde o avião parou, após o pouso]. Decolei acreditando no Oficial de lançamento... Mas
que achei curto, achei. [o America fazia] uns 30 ou 35 kt. O Minas, quando muito, dava 19kt... Mas nessa hora vc nem lembra disso. Só olha para a frente e vê uma pista
curtinha. O problema é que não foi dado brifim alertando para essa possibilidade. E a
bordo, quem calcula essas coisas é o pessoal do navio, de modo que o piloto não
tem como conferir. Só acreditar..."
Impressões pessoais a parte, o Relatório Final da missão lamentou não ter havido tempo suficiente para preparar outros cinco pilotos, com pousos simulados em terra, habilitando-os às operações a bordo. Festejava o acolhimento a bordo do navio americano "...procurando facilitar dentro do possível a missão, chegando até a abastecer a bordo, duas aeronaves brasileiras...", e contabilizava "...275 pousos com gancho (sic) e 66 toques e arremetidas a bordo."
O Oficial Sinalizador de Pouso (OSP), Major |
Curioso como possa parecer, as histórias envolvendo o America, no seio da Embarcada, ainda teriam uma nota de rodapé. Aconteceu durante o comando do T.Cel Pinto de Moura, entre 1980 e 1982. O registro vem das memórias do Coronel Walkir, quando comentávamos sobre o Cardeal 01, o Brigadeiro Becker, na página dos veteranos, no FB:
"[...]'Bekão':
tive o privilégio de tomar uma mijada dele, quando deixei, SEM QUERER!, o livro
do OSP, que tinha o histórico dos pousos no USS America, CAIR NO MAR...
escorei o book na antepara do OSP, o vento 'broxou', o livro sair (sic) da antepara,
o vento voltou com tudo e... e... VOOU pros braços de Netuno...
PMO [Pinto de Moura] comandava o Grupo. Na reunião de comandantes, mencionou o fato.
Becker quase enfartou!
Mandou me chamar....
...foi uma mijada 'diplomática'... nem doeu!"
PMO [Pinto de Moura] comandava o Grupo. Na reunião de comandantes, mencionou o fato.
Becker quase enfartou!
Mandou me chamar....
...foi uma mijada 'diplomática'... nem doeu!"
Davam-se ao luxo de afundar um porta-aviões desse!. Ótima reportagem!
ResponderExcluir...neste caso específico, o negócio era sério, coletar informações que melhorem as condições de sobrevivência em caso de danos em combate. Um fim bacana pra um navio de guerra. Aliás, um navio afundado, ao contrário dos desmanchados, como o Minas, continua a existir, e a ter uma história. Vide o Titanic e outros naufrágios importantes. Muito obrigado, Arthur...
ExcluirIncrível relato!
ResponderExcluir...todos nós, os veteranos da Embarcada, ficamos felizes que as pessoas gostem...
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