Arrancar um siso pelo reto. Não, não se pode querer que dê certo!
...entre os dias 20 e 22MAR91, o Minas Gerais pôs-se ao mar para realizar um embarque visando a qualificação para operações aéreas embarcadas do protótipo do P-16H. P-16H foi a re-designação que recebeu o primeiro avião da frota do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada, o 7036, que teve seus confiáveis, mas cansados, motores Wright Cyclone, substituídos pelo turboélice PT-6A-67AF. Para nós, era uma festa! Nossos aviões, finalmente modernizados, e a nossa unidade pronta a continuar uma história da qual nos orgulhávamos, e um estilo de vida "marinheiro" que seduzia a maioria de nós, com horizontes infinitos em torno do nosso navio, e portos novos a cada semana. Como diria o Leonardo di Caprio na proa do navio dele, nós éramos, então, os "kings" do mundo!
De fato, coisa de um ano e meio depois, aí pelo dia 10AGO92 o Sgt Carlos Alberto, fotógrafo do Grupo, ainda registrava o entusiasmo da unidade com o processo de revitalização dos nossos aviões, e as boas perspectivas que isso trazia para todos nós. Até mesmo no para-brisas da Kombi da unidade, que acabara de ser envolvida numa colisão (aparentemente, foi na Av. Brasil), aparece um adesivo do "S-2T", "T" de Turbo... "T" de "deu TUDO errado".
Até o Sgt. Wallace largou seu violão para perpetuar seu entusiasmo com a aparente continuidade da Embarcada. |
Bem, entusiasmos à parte, em coisa de mais um ano e meio, as chefias da Força Aérea decidiram encerrar todo o programa. Em que pese considerarem (ofício de 22DEZ93) a possibilidade da perda da capacidade operacional ASW (Guerra Anti-submarino) "[...] lamentável para a operacionalidade da Força [...] o tempo previsto de permanência dos P-16 em operação é curto [...]". Na verdade, a desativação estava marcada para o dia 30DEZ96. Em função da urgência, portanto, era preciso, rapidamente, "[...] proceder a estudos visando aquisição de novos meios [...] antes que a Marinha o faça (sic) [...]". Neste mister, a ideia era "[...] orientar o processo de desativação dos P-16 sem extinguir o 1ºGAE [...] devido à necessidade de manter-se tripulantes operacionais, que não podem estar sujeitos à transferências neste momento, mesmo que excedentes na unidade [...]". Ora, o documento informa que sabia-se da possibilidade da compra de um porta-aviões francês, capaz de operar Trackers e jatos Super Étendard como os da Argentina, e expressa preocupação: "Julgo que devemos ter uma posição clara a respeito dessa possibilidade que, segundo consta, será concretizada em 1996." Ora, lendo estas coisas, eu, aqui do topo das minhas limitações, me pergunto, assim de vereda: se era preciso adiantar-se à Marinha no tocante à operação de aviões em um novo porta-aviões, porque, com todos os demônios, desativar os aviões da única unidade já operacional nas operações aéreas embarcadas?! Não haveria "resposta nos próximos capítulos". Não haveria "próximos capítulos".
Pois, ao fim e ao cabo, em que pese todo o esforço de alguns abnegados, não menos o do último Comandante do Grupo a embarcar, o T. Cel Souza Lima, não foi possível convencer aquelas chefias da conveniência de se investir na continuidade da missão e dos aviões, e a Embarcada foi condenada a desaparecer. E o país ficou sem ASW de longo alcance até a chegada (15 anos?) dos P-3 que, ao que parece, tem estado com a disponibilidade muito baixa; igual ao tempo do final de carreira dos P-16, há 26 anos. Me parece que continua "tudo como d´antes, no quartel do Joaquim". Com exceção das fotos coloridas, as imagens foram obtidas do escaneamento de negativos que estavam num envelope datado como 12 de agosto de 1992.
Foi como a Copa de 82, esperávamos tanto, mas ao final...
ResponderExcluir...ao final, Gustavo, pagamos pelos nossos erros...excepto os funcionários públicos, que, para todos os efeitos, e quanto mais alto estiverem na pirâmide administrativa, são inimputáveis. Muito obrigado por todo o incentivo!...
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