Sobre voos e charlas. A construção da unidade de uma Unidade.

...o Primeiro Grupo de Aviação Embarcada sempre enfrentou problemas com o suprimento de partes sobressalentes para os seus aviões e equipamentos. Por conta disto, e para desconforto e inconformismo de todos, eventualmente, perdíamos alguma missão; deixávamos de realizar algum voo. Ademais, como respondíamos tanto aos planos operacionais da Marinha como da FAB, muitas vezes apenas os operadores eletrônicos (OE) e os pilotos mais experientes e em dia com suas qualificações estavam aptos a executar determinadas missões. Por exemplo, um piloto que, por qualquer razão (cursos, baixa disponibilidade dos aviões, ou, do Minas Gerais), não tivesse cumprido o programa de manutenção da sua qualificação para as operações aéreas embarcadas (diurna, ou, noturna), não poderia ser escalado para esta, ou aquela missão. Estas circunstâncias, portanto, iam deixando os demais tripulantes operacionais para trás no que dizia respeito às cotas de voo que cabiam a cada um, anualmente. Não preencher as cotas de voo durante o ano significava não fazer jus à pecúnia relativa à rubrica "Compensação Orgânica", no contracheque. Como diria o filósofo, uma mixaria, mas, mal não fazia para o orçamento daquela maioria de pais de família.

ESQ-DIR: Sargento Cinello (Fotógrafo; é por isso que algumas missões ficaram registradas), Tenentes Guedes e Vinícius, Sargentos Salles e Maltez

Sargento Cinello, Capitão Cavalcanti, Sargentos Evangelista, Martiliano e Marcos.

Pois bem, ao final do ano, como havia pessoal sem ter cumprido suas provas de voo, e o Grupo ainda tinha dotação orçamentária para as horas de voo não voadas durante o ano, os nossos UP-16A, já devidamente modificados para as funções de aviões utilitários, com suas três cadeiras extras, na "cozinha", vinham muito a calhar. Nestes aviões, a "cozinha" ficava na seção da fuselagem atrás da asa, onde originalmente se encontrava a antena do radar e o seu respectivo, e grande, domo aerodinâmico que a envolvia, e protegia do fluxo de ar, quando a antena era baixada para executar uma busca; era o "radome", como dizia a Marinha dos EEUU, e nós mesmos. De qualquer maneira, num único UP-16A, como já pode deduzir o sempre atento leitor, podia-se acomodar sete tripulantes num único voo destinado a "queimar" as horas de voo que não foram executadas durante o ano.

Parece ser o Sargento Cinello, fotógrafo, ajudando o mecânico a abastecer o UP-16A 7025.

Para mim, que entrei para o Quadro de Tripulantes só em 1995, já experimentei as asas do P-95. ESQ-DIR Sargentos Kinach, Thiesen, Ronaldo e Suboficial Teixeira, em Salvador, BA.

E lá se iam nossos "Alfa", queimando AVGAS de 115 octanas, pra cima e pra baixo do mapa (de preferência pra cima, onde as praias são melhores), como medida de acertar as coisas. Pois nessas missões, de vez em quando, os aviões experimentavam uma pane lá longe, fora de sede. Aí era ligar para Santa Cruz para informar do que se precisava, o nosso Suprimento (na época em que cada unidade aérea tinha o seu Suprimento próprio) embalava e remetia o necessário via voos comerciais. Para a tripulação fora de sede, restava a espera... e muita "trova fiada" (hoje, 18JUL, é o dia do Trovador). Ninguém, nunca, vai poder avaliar o poder de união, admiração e identidade de grupo trazidos por aquelas charlas à sombra da asa dos nossos valentes P-16! Os mais modernos, ouvindo com respeito e admiração às "fichas" dos antigões, e suas "estórias" passadas. E, se tu tivesses a sorte de estar viajando com um cara como o Ricardinho, por exemplo, era certeza de dores nos "carrinhos", de tanto rir...

O Sargento Ricardo, mecânico de voo, está sentado à ESQ da foto. Ninguém que o conheça olha pra uma foto dele sem começar a rir... depois os Sargentos Gilmar Lima, Luiz Sérgio, Tenente Rebello e Capitão (?) Peclat.









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