Dramas de Hangar


...dramas de hangar. Os motores Cyclone, só por ligarem-se à história de aviões como o B-17, dispensam apresentações. Nada obstante, no reino da aviação embarcada dos Estados Unidos, propriamente, desde a década de 1930 eles equiparam caças e bombardeiros baseados em porta-aviões. No final da década de 1940 eles foram escolhidos para sustentar o voo dos poderosos Grumman Tracker. Eventualmente, estes aviões acabaram sendo recebidos para uso no Brasil, e equiparam o Primeiro Grupo de Aviação Embarcada, que trouxeram consigo os Cyclone.



Estes motores, confiáveis e robustos até o limite do imaginável, eram dependentes do fluxo constante e apropriado de óleo, devido ao grande número de peças em movimento, atritando-se umas contra as outras. O óleo necessário ao perfeito funcionamento do motor fluía do seu tanque até o motor, banhava o intrincado de suas engrenagens, mancais, bielas e afins, era conduzido ao sistema de arrefecimento, e voltava ao tanque. Além disso, um outro conjunto de tubulações e mangueiras alimentava, com o mesmo óleo de motor, os sistemas de embandeiramento das hélices. Tubulações, válvulas, mangueiras, conexões, gaxetas, bujões, tudo se integrava ao sistema de lubrificação para manter o óleo contido no seu interior, mas, ao mesmo tempo, ofereciam oportunidades de vazamentos. E eles aconteciam!



Não era por nada que, uma vez no hangar, quer a bordo do Minas Gerais, quer em Santa Cruz, eram colocadas as indefectíveis bandejas sob as naceles dos motores, prevenindo que os tão esperados quanto indesejáveis vazamentos gotejassem sobre o chão daqueles hangares. As bandejas também tinham um papel importante durante as eventuais atividades de manutenção, uma vez que aparavam todo o tipo de fluídos que pudessem vazar durante os trabalhos da turma da graxa, inclusive a temível gasolina de aviação. Em DEZ83, de fato, o emprego de uma extensão elétrica com lâmpada, defeituosa, provocou a ignição da mistura acumulada na bandeja de óleo posta sob o motor DIR (M2) do 7037, enquanto ele era atendido no interior do grande "Hangar do Zeppelin", na Base Aérea de Santa Cruz.

Segundo o veterano Luiz Carlos Oliveira, Especialista em Sistemas Elétricos de Aeronaves, que participava daqueles trabalhos, tratou-se "...de uma quase tragédia, não fosse a presteza e profissionalismo do querido 2S LUIZ CARLOS HONORATO [...] eu estava lá, assim que a lâmpada incandescente se quebrou dentro da bandeja imediatamente iniciou o fogo!" O Sargento Honorato reagiu com presteza, isolando a fonte de fogo do avião "...eliminando o processo (de alastramento) de fogo, porém, isso lhe trouxe consequências, algumas queimaduras, mas felizmente ele se recuperou. Se não tivesse tomado essa atitude nem sei o que seria do hangar da Base Aérea de Santa Cruz. Saudemos o Honorato onde ele estiver!"



Da mesma forma, o então Capitão Souza Lima, também lembra "...muito bem! Morava na vila (a vila residencial no interior da Base), e corri para o Hangar; chegando lá, soube do ato de Bravura do 2S LUIZ CARLOS HONORATO que, independente do fogo, retirou a badeja em chamas de baixo da aeronave! Esse ato evitou que as chamas se propagassem para a aeronave e outras aeronaves no interior do hangar. Evitou uma tragédia de grandes proporções. O sargento Honorato foi hospitalizado com queimaduras nos braços. Fui ao comandante, e solicitei que o militar fosse condecorado por bravura, fato que não ocorreu. Não sei por onde anda o Honorato, mas guardo profundo respeito e admiração por esse militar, que por amor à carreira e no mais profundo espírito militar, salvou o hangar do Zeppelim. Agradeço por essa oportunidade de botar o pingo nos "IS"."

O resultado material do sinistro, foi registrado pelo sargento Aguiar, ou, Cinello, não consegui determinar... de qualquer maneira, vendo-as, fica fácil concordar com o então Sargento Orlando: "... Honorato evitou uma tragédia de proporções imensuráveis. Que Deus o tenha!!!"...










Comentários

  1. É bom se registrar que o então 1S Honorato num ato de muita coragem e para se evitar um mal maior se arriscou retirando a bandeja debaixo da Anv, provocando diversas queimaduras no militar.

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  2. Excelente história! Não esperaria menos de nossos guerreiros. Parabéns, Honorato!

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