De aviões e plantações de aipim.

...o P-16E 7033, do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada, no local onde encontrou o seu fim. A princípio, eu pensava que a primeira foto pudesse ter sido feita, simplesmente, no mesmo dia do sinistro, 19NOV91, orientado pelo fato de que ainda não aparece a estrada que o BESENG (Batalhão Escola de Engenharia) abriu logo depois, através das taipas da plantação em repouso. A estrada conduzia a uma clareira, convenientemente nivelada para os serviços de remoção do avião. Agora, me ocorre que, na verdade, esta foto pode testemunhar mesmo a tripulação ainda no local, na medida em que são, de fato quatro pessoas, e parecem estar com os macacões de voo semivestidos. A ampliação da imagem me sugeriu, a julgar pelas silhuetas, que o cavalheiro mais à ESQ, pode ser o Primeiro Sargento Cipriano; da mesma forma, o terceiro da ESQ para a DIR, me lembrou o Tenente Lisboa, copiloto naquele voo. É verdade que não pude divisar nas outras duas silhuetas, nem o Capitão Fleming, nem o Sargento Almeida, demais componentes daquela tripulação.

Note que o avião avançou perpendicularmente às taipas da lavoura, o que acabou contribuindo para o capotamento.


A foto foi tirada com a Base Aérea de Santa Cruz ao fundo. DIR aparece o morrote do mirante do estande de tiro, que ajuda a encobrir a Cabeceira Sul da pista. Na direção geral da DIR da foto estão os densos manguezais que orlam a restinga da Marambaia na margem continental. Note-se a marca que vai do nariz do 7033 para a ESQ da foto. É a trilha cavada pelo seu avanço, depois de arrancado o trem de pouso dianteiro. A próxima foto foi tirada com orientação contrária à primeira, com o fotógrafo voltado para a COSIGUA, em Itaguaí. As viagens de helicóptero partindo da BASC, faziam uma aproximação direta, pousando perto dos destroços, sem ultrapassa-los; o contrário do que mostra a primeira foto.



Ao fundo o Sargento Evangelista (agachado) acessando a caixa de ferramentas, preparando-se para iniciar a carneação do 7033. O Sargento Martins parece algo atônito, inspecionando o alojamento do trem de pouso principal DIR. Na primeira foto se pode ver a porta do acesso da tripulação, como aparece aqui, em detalhe.

O Sargento Medeiros à porta da acesso da tripulação, e o sargento Leal aproximando-se. Note a hélice embandeirada, depois do motor DIR ter sido o primeiro a parar. Quando as peças do 7033 estavam sendo removidas para o lixão da Base, o Leal, de serviço no dia, tirou uma das pás de hélice do caminhão, reservando-a para mim; um troféu e monumento à lealdade deste irmão que a vida me deu, que continua aqui na minha sala, a olhar para mim, todos os dias, me lembrando de honrar, sempre um grande sujeito.

Esta última foto é obra do sempre generoso Linaus, um dos nossos soldados, quando chegava a bordo do Super Puma do 3º/8º GAv, para os serviços em redor do 7033. É evidente o trabalho de abertura da clareira a que me referi anteriormente, que abrangeu os 360° ao redor do avião. Depois nós formamos uma equipe que passou uns dias acampada lá, comendo do que uma Unidade Celular de Intendência cozinhava Além disto, na primeira noite, gastamos todo o repelente de insetos do Tenente Roberto (OSV do 1º GAE), o único que lembrou-se desta evidente precaução naqueles pântanos infinitos. 



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