...Honra ao Mérito...

...eu continuo achando que não inventaram ainda, medalha capaz de pagar o esforço que os Cabos e Soldados do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada desenvolveram para o sucesso do Grupo. Os heróis da paciência e da abnegação, moral e física; eles, consistentemente, provaram ser uma amostra do melhor que este caduco sistema de serviço militar obrigatório poderia prover a uma unidade aérea de combate. Literalmente, era sobre os ombros destes caras que o GAE embarcava no NAeL. Carregavam e descarregavam caminhões e ônibus, levando todas as tralhas necessárias à operação dos nossos aviões, e do conforto do nosso pessoal, para bordo.






A bordo, quem mora em Bangu, e experimenta noites de verão com falta de energia elétrica, quando não se usa ar-condicionado, ou, ventiladores, pode ter uma ideia do desconforto que esses homens experimentavam, uando podiam recolher-se aos seus beliches. Durante os Nordestões então! a superpopulação nos chuveiros, durante os 15 minutos em que a água era liberada para o banho da tripulação! E nada lhes fazia faltar aos seus compromissos com a unidade, numa fidelidade comovente. O então Soldado do Grupo, Mário Vieira Linaus: "Lembro ter dormido dentro da cabine, [de cansaço] e acordei de madrugada com um visual inesquecível das estrelas sobre minha cabeça, [que eu via] através da escotilha do P-16.  Um sujeito que foi de Soldado a Sargento na unidade, Luiz Carlos, mesmo que em perspectiva mais generosa, pelo passar do tempo, não deixa de reconhecer que "a gente reclamava [justamente porque era duro], mas que dá saudades, dá!" Wiliam Barros, outro veterano que registrou as dificuldades da vida dos Soldados, na página do FB, dos veteranos da Embarcada: "Nas intermináveis Operações H24 e H48... Haja sono.". E para que o leitor possa verticalizar o nível de esforço físico exigido nas operações embarcadas, o futuro comandante do 1º GAE, Paulo Cezar Souza Lima acrescentou: "Já dormi com a aeronave na trilha da catapulta, aguardando o lançamento. Descansar sempre que possível durante operações prolongadas."[1]


[1] Publicado em 7 de agosto de 2019, a respeito de um post sobre o cansaço a bordo.

De qualquer maneira, no retorno das comissões, executavam o processo inverso ao dos embarques; do "Cais do Minas", no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, partiam os caminhões e ônibus carregados com as nossas coisas, para alcançar a Base Aérea de Santa Cruz, no fim dos cinquenta e tantos quilômetros de Avenida Brasil.





Dos Cabos cascudos, experientes, aqueles que sabiam tudo a respeito do serviço, e a quem todos recorriam, na hora da busca pela solução dos problemas, veio uma parte importante da formação militar de qualquer recém chegado à unidade. Graduado, ou, oficial, ninguém deixava de ser tocado pelo proceder daqueles homens, e deles recebiam exemplos de conduta importantes, que ajudava a todos a ajustarem-se o mais rápido possível. Não conheço quem não lhes seja agradecido e reverente, ainda hoje. 





Dos soldados, meninos, ainda, quantas lições de comprometimento e dedicação mais puras. Muitas vezes, vítimas dos mal-entendidos que a hierarquia militar permite, pois esta é pouco tendente `paciência e compreensão. Nada obstante, quão raro era que o serviço ficasse prejudicado pela falta de maturidade de um deles! Isto é notável, ainda mais quando se percebe que, além de serem os mais jovens e, consequentemente menos experientes, eram os únicos que não eram voluntários! estavam ali por força da Lei, cumprindo, meramente, suas obrigações legais.






Aqui, fotos do embarque a Santos, em ABR70. Aqui também, o registro de toda a nossa admiração, e do nosso reconhecimento...


Comentários

  1. Obrigado por este reconhecimento do trabalho da Soldadesca. Confesso que sempre era uma aventura conviver dentro do NAeL desde as coisas mais simples, como o banho que foi citado, até as intermináveis operações Catrapo. Deve-se acrescentar também que existia um outro"tormento" que era a escala de faina de gêneros da Marinha para dentro do NAeL, escala esta que ocorria nos portos onde o navio parava e justamente quando a rapaziada dava os seus "rasantes" nos locais de procedência duvidosa. kkkk. Um abraço.

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  2. Realmente essa turma era de primeira. A ajuda deles durante embarques e desembarques era primordial. Meu eterno e justo agradecimento a todos. Abraços.

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  3. Foi uma honra derramar suor tratorando,rebocando ( MD3 E ANV), buscando e levando as equipes de madrugada para ver estas anvs decolando, voando e pousando através de seus bravos e destemidos pilotos (MAESTROS).

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