O dia em que tudo acabou... mesmo... pra valer... de uma vez por todas...

...neste dia, 27 de dezembro, em 1996, a mensagem 157/1SC3 do Chefe do Estado Maior do Comando Geral do Ar autorizou o translado do P-16E 7037, da carga do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada, para o MUSAL. Três dias depois, no dia 30DEZ96, o dia fatídico! Eu registrei o último P-16 operacional da FAB, o 7037 sendo retirado do monumental hangar da Base Aérea de Santa Cruz pela última vez.





O "Três-Sete" foi pré-voado com atenção a todo e cada detalhe da liturgia, como quem procura prolongar o contato físico na despedida derradeira (até a operação do gancho, que se guardava para os embarques, foi verificada). Tudo foi checado pela última equipe de sobreaviso, e tripulação, legitimamente "Embarcadas", para o voo de entrega ao MUSAL, no Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro...

Pessoalmente, eu estava revoltado por não haver uma cerimônia apropriada de despedida para os P-16. Isso sempre me incomodou, até saber do Coronel Souza Lima, o último e heroico comandante embarcado da unidade, que registrou no grupo dos veteranos da unidade no FB, em 11SET18: "Era o comandante do Grupo na época da entrega do 37 ao museu. Postergar a entrega foi o máximo que consegui. Havia também recebido a orientação de realizar uma cerimônia militar comemorativa do evento. Coisa que não fiz. Expliquei que não faria festa para comemorar eutanásia de paciente saudável. Na época lutava pelo prosseguimento do programa de revitalização da frota. Perdi essa guerra." 







Seja como for, após a decolagem, o Tenente Phelipe, orientado pelo Capitão Adonil, realizou umas três passagens baixas sobre a pista, inclusive instando-o a acentuar a recuperação no último passe, como ficou registrado nas filmagens em VHS, que o Sargento Leal realizou durante aquele guarnecer. A Base estava sofrendo obras nas pistas de taxi, daí o aspecto de brejo numa das fotos.

A princípio, não haviam sido escalados tripulantes que não os pilotos, para o último voo dos P-16 da FAB. Eu procurei o Major Cavalcanti, e insisti pelo privilégio (como eu fizera com o meu primeiro voo na unidade, junto ao então Tenente Barreira, em 1988). Na sequência, o sargento Gelson seguiu o meu caminho, e fez parte daquele momento tão distinto. Foi ele quem tirou esta foto, com a minha câmera. A foto que eu tirei dele, ele extraviou, e não encontrou até hoje...


A última foto mostra o Três-Sete emoldurado pelos lindos azulejos do histórico prédio do MUSAL... desde então o avião esteve exposto ao tempo, deteriorando-se sob sol e chuva; até hoje!... O 7032 em Santa Cruz, pelo menos, já foi lavado e pintado algumas vezes; um absurdo (eu queria usar o termo "crime", mas abster-me-hei), considerando que o avião foi entregue voando, perfeito...


Comentários

  1. Lamentável que esse tipo de esquecimento proposital tenha ocorrido, se tivesse sido vendido, certamente estaria em melhor estado, quiçá até voando nos EUA. Obvio que melhor seria vê-lo preservado DE FATO por aqui mesmo.

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