O dia em que o 34 rebocou o Minas Gerais

...de volta de uma missão ASW noturna, em 29JUL81, o P-16E 7034 do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada foi arremetido no ar duas vezes pelo Oficial Sinalizador de Pouso (OSP), em função de impedimentos no convés de voo. Significa dizer que o piloto recebeu ordem de acelerar e desistir do pouso, devendo partir para nova tentativa. Na sequência, recebeu permissão para pousar e recebeu o "CUT-CUT", as palavras com as quais o OSP ordenava ao piloto, via fonia, que cortasse a potência dos motores. Sem potência, o avião "afundava" e o gancho tocava o convés de voo para capturar um dos cabos de parada. Nada obstante, o 7034 perdeu todos os cabos: BOLTER! Nesta situação, o piloto precisa reagir rapidamente, aplicar potência aos motores, recobrar velocidade de voo, e voltar a voar, antes que o convés acabe. E lá se foi a aflita tripulação, ainda sem poder voltar à segurança do convés.




A quarta aproximação resultou em novo bolter! Desta vez o OSP e o piloto não reagiram com a presteza requerida ao ordenar e aplicar potência, respectivamente. Temendo ultrapassar o convés em ângulo sem que o avião estivesse voando de novo, o piloto jogou o avião para a direita, buscando alinhá-lo com o eixo longitudinal do navio, onde o convés de voo é mais longo, e lhe daria mais tempo de recobrar a velocidade necessária.




Contudo, sem espaço suficiente para a manobra o trem ESQ caiu sobre o talabardão da catapulta, e a barriga do avião, o gancho e o bumper foram "podando" e amassando tudo o que lhes surgiu pela frente, ou por baixo, e acabaram "podados" eles próprios, como se vê das fotos. Nada obstante, tributo à extrema robustez do nosso avião, o 7034 recuperou o voo, e foi pousar, em emergência, na Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia. Os investigadores do acidente, na publicação do CENIPA "Relatórios finais de acidentes aeronáuticos mais significativos 1980-1983", atribuíram o acidente a 1- deficiente operação da aeronave (demora em aplicar potência, após o segundo bolter); 2- deficiente instrução (aparentemente houve alguma deficiência com o treinamento catrapo noturno, em terra, antes do embarque); deficiente doutrina de segurança de voo (o piloto aguardar o "BOLTER" do OSP, principalmente a noite, quando o julgamento deste ficava comprometido).




Não tenho referência sobre quem foram os fotógrafos. O esquema dos danos no convés de voo do Minas Gerais eu fotografei dos arquivos do OSV do 4º/7ºGAv, que pude salvar da reciclagem... eu lembro que ao chegar, recém formado, no 1º GpAvEmb, eu ouvia os veteranos se referindo ao "dia em que o Três- Quatro "saiu rebocando o NAel"...








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