Dificuldades para estacionar
...a gente morre e não vê tudo, como dizia o meu padrinho, o Tio Adir... quem acompanha a história dos porta-aviões já deve ter visto algumas vezes, alguma foto de experiências destinadas a melhorar o aproveitamento do espaço disponível no convés de voo. Uma das que se encontra com mais frequência são da aplicação destas extensões/trilhos que permitiam projetar a fuselagem dos aviões para além da borda do convés-de-voo, uma vez que normalmente usavam bequilhas (a "rodinha de trás"). Do avião ficava, literalmente, a bordo, do Centro de Gravidade pra frente... se tanto.
Seja como for, confesso que nunca havia visto, ou ouvido falar, sobre a aplicação desta prática com os aviões do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada na sua base primeira, o querido Minas Gerais. Ora, espaço era um problema no Minas, na medida em que ele era um porta aviões "leve", ou seja, não fora projetado e construído para se equiparar em tamanho (consequentemente na capacidade de embarcar número maior de aviões) com os grandes porta-aviões "de Esquadra". O Minas, Ex-Vengeance, e seus irmãos, deveriam ser mais rápidos de construir em função das emergências da Segunda Guerra Mundial, quando parecia quase inevitável a vitória dos nazistas. Além disto, quando o Minas foi projetado (1942), os aviões embarcados eram monomotores, muito menores que os nossos grandes e potentes P-16A/E (S-2A/E, para os americanos).
Nada obstante, pelo menos desde 1973, as autoridades navais brasileiras consideraram aumentar o número de aviões a bordo do navio, "[...] que possuam características operativas compatíveis com as tarefas de defesa aérea de Força Naval [...]" conforme se lê no Estudo de Estado Maior Nº 002/73. Claro que as respostas práticas não poderiam ir além da incorporação A-4 (embora a Marinha citasse, também, o AV-8 Harrier) e alguma aeronave AEW, de alarma aéreo e controle aerotransportado, como o E-1B, que era baseado na célula do S-2, e compatível com este, quando pousado. Ora, sem dúvida que o aumento no número de aviões a bordo exigiria que alguns aviões ficassem sempre estacionados no convés de voo, pois o hangar não os poderia abrigar ao mesmo tempo. Talvez venha daí a necessidade de experimentar a melhor exploração do espaço disponível para a "espotagem" (estacionamento) e manobra dos aviões no convés de voo. Seja como for, a Força Aérea nunca assentiu com as iniciativas da Marinha, que pretendiam a expansão das capacidades de combate do Minas Gerais (mais de acordo com o que os argentinos praticavam com o seu 25 de Mayo).
De qualquer maneira, o único registro que eu conheço de experiências no sentido de explorar a ampliação do aproveitamento dos espaços do convoo, está nesta foto abaixo, onde aparece o nosso UP-16A 7017 sendo usado como cobaia. Segundo os dados que eu disponho, ela foi feita em NOV84 pelo suboficial Castilho, então, o retratista do 1º GpAvEmb...
Embora eu desconhecesse esta experiência, quaisquer que tenham sido os resultados, o certo é que não foram empregados operacionalmente, até porque o aumento do Grupo Aéreo do Minas Gerais nunca veio. Quando eu comecei a embarcar, em SET88, não só não se utilizava esta extenção, como nem se falava nela. Como nota de rodapé, me lembro que o Alte. Flores me contou que quando ele fazia um estágio a bordo do USS Wasp, da Marinha dos EEUU, um dos S-2 do navio escorregou pela cauda, por sobre a borda, perdendo-se todos os quatro tripulantes, durante operações aéreas noturnas... uma pena ter-se deteriorado, já há muitos anos, a fita K7 onde eu gravara a entrevista com aquele digníssimo cavalheiro, que cobriu o jovem Terceiro Sargento da Força Aérea, de todo tipo de fidalguias e atenções; um tesouro documental que se perdeu...
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