Os helicópteros que a Embarcada perdeu... e quase esqueceu.

...logo abaixo, a primeira e única foto que eu já encontrei dos helicópteros do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada, operando como uma unidade, a bordo de um porta-aviões. Este fenômeno jamais se repetiria. Na verdade, em 07SET62, um dos H-34 do 2º/1º GpAvEmb pousou no Minas Gerais, levando autoridades da FAB para o navio, durante o processo de discussões e disputas pelo direito de operar as aeronaves a bordo. Mas foi só. O 1º GpAvEmb só voltaria a operar a bordo de um porta-aviões, depois de perder seus H-34.


Por certo que a photo é de JUN61, quando os 'Anujás' se deslocaram para Pensacola, para finalizar seu período de FCLP (treinamento terrestre de pousos em porta-aviões) e CARQUALs (a qualificação a bordo de porta-aviões, para os pilotos). As operações aéreas embarcadas foram realizadas a bordo do USS Antietam, o mesmo navio que serviu aos P-16 dos 'Cardeais'.

Flâmula do 2º Esquadrão do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada, os "Anujás", que eu conservo aqui em meu acervo pessoal.

Os HSS-1, ou H-34, na FAB, eram o equipamento padrão da Marinha Americana (USN), à época, quando o assunto era caçar submarinos a partir de porta-aviões. Este era o caso, também, dos S2F, os nossos P-16. Estes dois aparelhos compunham os "Hunter-Killer Groups", desenvolvidos ainda na Segunda Guerra Mundial, destinados a negar a liberdade de ação aos submarinos que tentavam impedir o abastecimento da Europa, a partir da América.

Convés de voo do USS Hornet, pelo final da década de 1950, refletindo o arranjo pensado para o 1º GpAvEmb, ou seja, esquadrões de HSS-1 e S2F operando em conjunção, contra os submarinos soviéticos. O Hornet, como o Minas Gerais, era um navio da Segunda Guerra Mundial, bastante novos, portanto, e que justificavam o investimento de amplas modernizações, que os mantiveram operacionais ainda por muitas décadas.

A Guerra Fria só fez aumentar a necessidade de aprimoramento das técnicas e tecnologias dos "Hunter-Killer Groups", pois a introdução dos submarinos transportadores de mísseis da União Soviética, mais do que ameaçar as rotas de navegação, no caso de uma nova guerra na Europa, ameaçava ataques diretos ao território continental dos EEUU, que poderiam ser alcançado por submarinos posicionados convenientemente pela costa. A USN investiu grandemente neste mister, transformando muitos dos grande navios da classe Essex em "CVS"s, ou, porta-aviões anti-submarinos (ASW), equipando-os, a partir da década de 1950, com os HSS-1 e S2F-1. 


Esta curta introdução bem que poderia ser considerada como a raiz do emprego do Minas Gerais como arma ASW, conforme definido pela Marinha do Brasil. Em função deste decisão é que a FAB estruturou o Primeiro Grupo de Aviação Embarcada, criado aos trambolhões, logo após o anúncio da compra do navio pela Marinha. Os H-34 chegaram a Santa Cruz em JUN61, uma vez terminado o treinamento e equipamento da unidade, nos Estados Unidos, e deixaram o Grupo, sendo entregues à Aviação Naval, logo depois do Decreto de JAN65, que deu à FAB a exclusividade da operação de aviões militares, ao passo que recriou a Aviação Naval, restringindo-a à operação de helicópteros.


em 14JUN61, cargueiros C-124 entregam os H-34 da Embarcada, em Santa Cruz.



Um dos H-34 do 2º Esquadrão do GAE, já vestido com seu novo uniforme de Marinheiro. Eles foram substituídos pelos SH-3 nas missões ASW, em 1970. Excetuando-se a chegada de oito S-2E de segunda-mão, entre 1975/76, os P-16 da Embarcada nunca conheceram modernizações, ou, substituições por aviões mais modernos e capazes. A unidade voou até gastar-se! Benditos sejam seus homens e seus suores devotados.

De tudo o que eu pude revirar dos espólios do GAE, até onde o meu bom-senso permitiu, o único vestígio que eu encontrei dos H-34 da Embarcada, foi esta capa de ordem-técnica, abaixo. Reparem no carimbo com a data da sua incorporação ao acervo da Biblioteca Técnica do Grupo. Parece ser JUN, ou, JUL de 1961, sugerindo que veio para o Brasil junto com os próprios helicópteros.


Todas as fotos, excetuando-se três, são encontradas na Web. As da flâmula do 2º/1º GpAvEmb e a capa da TO dos HSS-1, são minhas, e a dos Anujás a bordo do USS Antietam, que motivou esta publicação, foi escaneada a partir de um slide que eu encontrei escondido do mundo... entre os espólios do GAE...

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