...vem, vem... vem ver a desgraceira...

...naquele mundo pouco comum dos porta-aviões impera o pouco espaço. Nada obstante, por ali se movimentam, e são movimentados, aviões e helicópteros, tratores, cargas e pessoas. A "espotagem", ou seja, a manobra e estacionamento dos aviões e helicópteros, quer no convés de voo (responsabilidade da Divisão V-1, ou, "Victor Uno"), quer no hangar (Divisão V-3, "Victor Três"), se realiza entre todas as pontas e arestas expostas de equipamento e estruturas de espaços confinados. As brechas por onde se pretende mover um avião de onze toneladas se medem em centímetros.



Parece complicado e arriscado o suficiente? Pois imagine que o "chão" que pisas oscila entre DIR e ESQ; para frente e para trás. Sobre o piso oscilante, o avião balança de motu proprio, induzido pela ação dos seus próprios amortecedores, enquanto é rebocado/empurrado pelo trator no plano horizontal, e induzido pelo chão móvel no sentido vertical.


O mesmo fenômeno, é bom que se lembre, atinge as aeronaves circundantes, também, o que pode afetar negativamente a avaliação do espaço disponível para a passagem de uma ponta de profundor, por exemplo. Mas a atividade não fica restrita apenas às leis básicas da Física. Há homens envolvidos! Principalmente no hangar, onde não existe dia ou noite, a iluminação, dependendo da posição das fontes de luz, e das sombras que os obstáculos criam, pode ser insuficiente;  o barulho é alto, o motor do trator (e podem haver outros operando ao mesmo tempo), o ronco incessante do sistema de extração (de ar), com sua miríade de motores elétricos roncando em conjunto, sem descanso, influenciam negativamente a comunicação entre entre o tratorista, o orientador e mais auxiliares, que se dá aos gritos, com retardos, com mal-entendidos (pois podem haver outras equipes gritando ordens ao mesmo tempo), com repetições. A noite foi longa, e o sono pouco... e aí, acontecia...


Eu desconheço o resultado disciplinar de situações como estas, mas sempre achei difícil de, simplesmente, chamar de barbeiragem... Bravo-Zulu para as divisões V-1 e V-3, do Departamento de Aviação do venerável Navio Aeródromo Ligeiro (NAeL) Minas Gerais, a base flutuante do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada, da qual eu sinto enorme saudade...



As fotos em P&B são de arquivos do 1ºGpAvEmb salvos da reciclagem, e até o momento, sem informação sobre a data, circunstâncias, ou autor. A foto colorida, da mesma forma, veio de arquivos da Embarcada, mas foi escaneada de um diapositivo, e bem poderia ser de MAR80, quando o Grupo voltou a operar a bordo, depois do grande período de manutenção e modernização a que o navio foi submetido na segunda metade da década de 1970. Reparem nas modificações em relação ao período pré-1974, a mais evidente delas, apresença das extenções laterais no convés de voo, para os mastros da barricada, quase no meio do navio, e na aparência imaculada da pintura do convés de voo (convoo), sem marcas de pneus e manchas de graxa com a qual os cabos de parada eram empapados, e que acabava recobrindo a área onde os aviões tocavam o convoo...

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