Designação de aviões: sopa de letrinhas... com numerozinhos...

...as chefias da Força Aérea Brasileira, a partir de algum critério (deve haver um), em alguns casos, decidem rebatizar aviões fabricados no exterior ao adquiri-los para o serviço do país. Foi o caso dos P-16 do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada. Quando adquiridos pela primeira vez para o Brasil, a Marinha dos Estados Unidos (USN), para quem a Grumman construía estes aviões, os chamavam de S2F-1 Tracker.




Esta era a prática da USN, identificando na designação do avião, a sua finalidade, o seu fabricante, o modelo específico do fabricante para a determinada função, e seus subtipos e modificações. Neste caso específico: "S" indicava ataque anti-submarino; "2", indicava o segundo modelo da Grumman para aquela finalidade; "F", indicava a própria Grumman e, os "-1", "-2", "-3", indicavam os subtipos, marcados pelas modificações incorporadas ao modelo inicial, podendo mesmo ser seguido por sufixos, indicando modificações à determinada subvariante. Por exemplo, o S2F-3S, que viria a ser chamado S-2E, ou, P-16E, na FAB. Complexo como era, este sistema de designação, em uso desde a década de 1920, foi substituído a partir de SET62, quando os americanos unificaram o procedimento, e os aviões navais (da Marinha, dos Fuzileiros e da Guarda Costeira) tiveram suas designações aproximadas ao sistema da Força Aérea (USAF). Foi assim que os Tracker passaram a ser referidos como, S-2, acompanhados de letras para indicar seus subtipos: S-2A, B, C, e assim por diante. Nada obstante, no Brasil, desde 1961, eles eram os P-16, e assim permaneceram depois das mudanças norte-americanas.




Contudo, entre 1971 e 1972, por algum motivo (deve ter havido algum), os círculos decisórios da FAB manifestaram-se em sentido inverso à pratica anterior e, por exemplo, alteraram a designação dos Neptune de "P-15", para "P-2E", igualando a prática dos Estados Unidos. Apenas como ilustração, vale dizer que na USN, antes de 1962, estes aviões eram designados P2V-5, ou seja, "P" identificando a missão de Patrulha (baseada em terra), e "V" indicando o fabricante, a Lockheed). Eu lembro de, quando guri, ter visto uma foto de divulgação do CEREPA, com um Neptune mostrando claramente, na deriva, o "P-2E". O Avião guardado pelo MUSAL, hoje, está identificado neste padrão, também, conforme mostra a foto abaixo, colhida no sítio JetPhotos.


Recentemente, contudo, escaneando velhas molduras de slides usados para fins instrucionais da Embarcada, eu encontrei, por primeira vez, um registro fotográfico desta alteração aplicada, também aos P-16 do 1º GpAvEmb. De fato, encontrei uma foto d P-16 7016 com sua designação de tipo e subtipo seguindo o padrão estadunidense, reescrito, portanto, S-2A. Reparem na empenagem vertical do avião, na foto abaixo na qual o 'dezesseis' aparece no convés de voo do Minas Gerais.



Pois tão misteriosamente quanto surgiu, esta modificação desapareceu. Os P-16 voltaram a ser "P-16", tão somente, e apenas com a introdução dos S-2E, a partir de DEZ75, é que houve necessidade de identificar as variantes. Neste mister, os P-16 (S-2A), passaram a ser designados P-16A, e os "novos" S-2E recém adquiridos, passaram a ser designados P-16E. Para nós, na Embarcada, eram os "Alfa" (2º Esquadrão), e os "Eco"(1º Esquadrão)...


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