Pouso de barriga em Santa Cruz.
...dentre os negativos que eu consegui tirar dos escombros do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada, após a sua desativação, encontrei estes aqui, sem referências à data ou ao fotógrafo. Na verdade, as imagens revelam um evento muito curioso porque, apesar de tratar-se de uma emergência, evidentemente o avião e a tripulação em apuros estavam sendo esperados em terra. Não só a mera presença do retratista o denuncia, porque sempre pode acontecer de ter alguém munido de uma câmera diante de algo inusitado, mas a presença de homens do Corpo de Bombeiros fluminense, com seus capacetes, cintos e fardas características (cáqui) dão um indicativo poderoso nesta direção. Ora, houve tempo suficiente para acioná-los no seu quartel em Santa Cruz, e eles foram capazes de alcançar a Base Aérea de Santa Cruz, ficando a espera do 7025.
O "Dois-Cinco" foi o primeiro P-16 a ser convertido de avião dedicado à Guerra Anti-Submarino (ASW) em utilitário, no início de 1970. Como utilitário ele era capaz de transportar alguma carga e passageiros, além de servir de avião dedicado à instrução dos pilotos, inclusive o emprego de armamento, desconsiderando os torpedos. Seja como for, partindo das imagens, dois motores embandeirados significam que um, ou ambos, foram desligados para minimizar os danos que seriam produzidos pelo contato das hélices em movimento contra o solo, uma vez que o pouso de barriga.
Em todos os anos que passei no gigantesco hangar dos Zeppelins, nunca tinha, sequer, ouvido falar deste acidente. Foi somente depois de encontrar os negativos, escaneá-los e publicá-los no grupo dos veteranos da unidade, no Facebook, que fez-se a luz sobre os acontecimentos. O nosso "antigão" Manoel Augusto Santos Pinho Pinho, esclareceu o ocorrido:
"Deu pane no fechamento da pestana do trem esquerdo, do 25. Como era horário de almoço, não conseguiram contato com o Avanir (inspetor de Sistemas Hidráulicos da unidade), Aí o Alisson, mecânico de voo, a bordo do 25, sugeriu tirar a pestana, quando o Avanir soube, mandou gastarem todo combustível que iam pousar sem o trem, pois a pestana comandava o destravamento. Acho que foi entre 76 e 78. Os pilotos e o Alisson dançaram. Se não me engano o Cmt do GAE era o (TCel.) Saback."
A menção ao Tenente Coronel Saback reavivou memórias sobre a severidade do antigo comandante, pouco tendente a relevar falhas no serviço: "Putz! Se era o 'Sabakão', danou a coisa toda!
...KKK..." reagiu o agora reformado Coronel Walkyr, antigo piloto da Embarcada. De fato, voltando ao testemunho do Manoel Augusto Santos Pinho, o então Tenente Coronel Saback, comandou o 1º GpAvEmb, entre JAN76 e FEV78, o que já oferece uma pista sobre a data do sinistro...
Caro autor, eu sugiro apenas uma elucidação, preciosa para o total entendimento: O que vem a ser a pestana? Grato.
ResponderExcluir...me desculpa, Gustavo, mas repara que "pestana" é um termo bem português, considerando que as Ordens Técnicas (os "manuais" de manutenção) eram todas em inglês, eu temo que só a intervenção de um especialista em Sistemas Hidráulicos pra "alumiá nóis", fazendo a correlação...
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