Um voo de "firula".
...negativos sem data, nem registro do autor, salvos dos abandonos e esquecimentos (quando não da fogueira, mesmo) pós desativação do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada. Aqueles foram tempos ruins, em que o abatimento e a decadência no moral da tropa foi combatido, pelas chefias unidade, com esforços para "remover o ranço da Embarcada". Foi um tempo ruim, tempo que exigia ação; e sempre fica mais fácil errar quando se tem que agir. Ainda mais, diante do inusitado; esses eventos da vida, pra os quais não existem regulamentos nem manuais.
Mas, seja como for, as imagens escaneadas diretamente dos negativos, mostram uma esquadrilha do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada decolando da Base Aérea de Santa Cruz, com o seu distintivo hangar, que servira aos "luftschiff" Graf Zeppelin e Hindenburg, na década dos 1930. Após a decolagem, a esquadrilha tomou a proa da Baía da Guanabara pelo "interior", ou seja, sem sobrevoar a orla Recreio/Barra; assim como quem vai de "Santaca" ao Centro, utilizando os quase 60km da Avenida Brasil.
O objetivo era participar de uma solenidade que ocorria a bordo do Minas Gerais. Como se vê, o navio estava fundeado na Baía da Guanabara, diante do aeroporto Santos Dumont, e à vista da Escola Naval, porque é sempre bacana inspirar os futuros oficiais da Marinha. Dá pra imaginar o pessoal formado sobre o convés de voo, "aproveitando" o calor que emanava do convés-de-voo, gradualmente aquecido pelo Sol generoso da latitude carioca... calor e nenhum vento; podia ser um inferno. O voo de retorno a Santa Cruz, por sua vez, aconteceu sobre um litoral que já não existe mais, até a Praia da Macumba, com curva a DIR para enquadrar a Marambaia. A foto colorida, no início do artigo, é um registro desta parte do voo; talvez, sobre a Barra.
De parte as antigas lindezas do voo sobre o litoral da Zona Oeste Carioca, para a manutenção do 1º GAE, o mundo do voo poderia ser dividido em duas categorias: a operacional, onde tudo, sempre, é "às ganhas"; e a "firula", quando parece que todos os esforços dispendidos para colocar os aviões no ar só serviam para abrilhantar a festa de algum figurão... eu aposto que é o que estavam resmungando pelo hangar, os calejados e insuperáveis homens da manutenção do GAE, naquele dia...
Belo texto, como sempre.
ResponderExcluir...pois lhe agradeço, de novo, professor...
Excluir