Bird strike. Fotógrafos, caras engraçados e preservação de aviões.




...quebra nas rotinas do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada, quando voando em Santa Cruz. Em 09AGO80 o P-16A 7015, ainda configurado como avião Anti-submarino (reparem no casulo do farol de busca, no bordo de ataque da asa DIR), topou com um urubu, que lhe entrou no farol de taxi (os P-16 não tinham farol de pouso). As imagens vieram de escaneamento direto dos negativos de fotos feitas pelo Sargento Aguiar, fotógrafo antigão, que eu já encontrei como Primeiro Sargento, quando cheguei na Embarcada, em JUL88. Como dos escombros do 1º GAE eu peguei, também, o livro de registro dos serviços fotográficos (preocupado com os registros das datas e dos eventos!), eu pude associar os negativos ao fotógrafo, o que é bom para poder lembrar, sempre que possível, o nome destes operários da memória, quase sempre relegados ao esquecimento eles próprios.




Uma contribuição inusitada a respeito deste evento, contudo, se ajuntou assim que publiquei este texto, e compartilhei-o com o grupo de veteranos da Embarcada, no FB, Nada menos do que o piloto envolvido, Roberto Doerl, adicionou a seguinte descrição do aconteceu naquele 09AGO80:

"Essa colisão ocorreu quando decolávamos de Santa Cruz para o Nael Minas Gerais, em formação de quatro aviões. Esse era o avião Líder, que eu pilotava, se não me engano, com o Marcão de IN. A colisão ocorreu no exato momento em que o [meu] Ala, o número dois, escalonava por baixo da minha aeronave. Eu vi a aproximação da ave, mas não podia fazer nada. Diziam que o farol aceso alertava as aves, só esqueceram de dizer isso pros urubus da Vala do Sangue. Esperei que o urubu desviasse, mas ele ignorou o meu aviso silencioso e adentrou o recinto sem ser convidado. A cabine se encheu de penas e poeira. Após a colisão, aguardamos a reunião das quatro aeronaves e retornamos para pouso, em Santa Cruz. Graças a Deus a ave não estourou no choque, pois o cheiro seria insuportável. Essa é mais uma bela historia com final feliz, dessa aviação tão gratificante e honrosa, que faz a alegria de um velho e saudoso piloto de Patrulha."

Numa das fotos aparece o Sargento Alberto, o eminente "Caixote", como o chamavam os seus colegas de trabalho. Eu não o conheci pessoalmente, mas era pessoa de quem todos os meus antigões sempre falavam com muito carinho e respeito. Consta ter sido, por já falecido, um sujeito muito engraçado, além de grande mecânico. Contudo, eu não sei se a presença dele nas fotos, nem a ausência dele dos comentários de Roberto Doerl, permitem  que se conclua que ele fazia parte da tripulação.




Para sorte da posteridade, hoje o 7015 está preservado em uma coleção privada, em Conchal, São Paulo, como se vê na foto abaixo, que traz o nome do estabelecimento que o abriga. Por sinal, ele está muito melhor cuidado do que o pobre P-16E 7037, abandonado, nas dependências do museu da Força Aérea, o MUSAL, no Campo dos Afonsos...










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