Olhos sobre as caudas dos P-16.
...recém completados 37 anos, em MAR83 o então Sargento Cinello, fotógrafo do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada, registrou o resultado de um choque entre o P-16A 7023 e um trator, na Base Aérea de Santa Cruz. A "pechada", como se diz no linguajar pampeano, danificou a carenagem de fibra da Cabeça Detectora, do Detector de Anomalias Magnéticas (DAM; MAD, em inglês) do avião.
A referência ao DAM, contudo, vai servir apenas para chamar a atenção do caro leitor para o fato deste equipamento, quando recolhido, estar alojado sob as grandes superfícies de comando da empenagem vertical. Elas são reconhecíveis no antigo padrão de pintura dos P-16, com a clássica pintura verde-amarela, prontamente discernível, mesmo nas fotos P&B.
Nos Grumman S-2 (chamados P-16 no Brasil) o leme de direção propriamente dito, o "Rudder", em inglês, consistia da superfície pintada de amarelo (a parte clara). A seção verde (escura), na verdade, era um enorme compensador do leme, o "Rudder Trimmer", acionado por um sistema eletro-hidráulico, com seu atuador colocado sob uma carenagem proeminente, no lado ESQ da deriva. O funcionamento deste conjunto foi bolado para, não só diminuir o esforço físico da tripulação na eventualidade um voo monomotor, abaixo de 120 kt, mas, também, garantir o controle do avião nas aproximações e pousos a bordo sob tal condição.
Claro, o pouso a bordo de um porta-aviões é, sempre, muito mais restrito e estrito do que os pousos convencionais, em terra e, principalmente, numa situação anormal como um voo monomotor. Nestes casos, o piloto deve receber toda a ajuda possível para controlar o avião, e coloca-lo com segurança sobre a área dos cabos de parada. E os P-16, de fato, ofereciam as qualidades de controle, mesmo monomotor, que as suas tripulações em emergências, requeriam. É o que lembrou o hoje Coronel Walkyr, na página dos veteranos, no FB, quando experimentou...
"...um monomotor na arremetida de um "bolter" noturno [O "bolter" é a situação na qual o avião não engancha em nenhum dos cabos de parada do convés de voo, e é obrigada a arremeter, recuperar a condição de voo, para não cair na água]. Em todas as ocasiões, jamais perdi a confiança na
máquina antiga, mas bem mantida. Confiei em cada sistema dos nossos P-16 A/E em cada
uma das minhas 2.000:00 horas voadas na Embarcada."
A Embarcada, contudo, perdeu o 7017 em MAI88, mas devido ao funcionamento defeituoso do atuador deste mesmo "Rudder Trimmer", que entrou em funcionamento inadvertidamente, por uma falha na remontagem daquele item, durante sua última revisão: "O ítem [...] não atendeu aos requisitos de inspeção da T.O podendo ter sido um dos possíveis causadores do acidente" disse um Relatório Técnico pós acidente. A falha ocorreu durante a decolagem do avião de Salvador. O efeito aerodinâmico sobre o avião, com "Full Power", o fez fugir das possibilidades dos pilotos controla-lo, e ele desmantelou-se espetacularmente, sem perda de vidas, contudo, o que é um monumento aos nossos poderosos e grandemente confiáveis aviões.
Descrição esquemática de parte do funcionamento do "Rudder Trimmer", em página da T.O.(Tê-Ó), que era como nos referíamos, em inglês, às Ordens Técnicas, publicações que regiam a manutenção dos P-16. |
Diagrama do sistema de controle direcional dos P-16/S-2, escaneado das T.O.s. |
Peço desculpas aos estimados leitores, mas ainda não consegui domar o controle das fontes, que garantiria a uniformidade das letras no texto final. Eu tenho, realmente, tentado. Não é desatenção para com o leitor.
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