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Tenente Dante, prestes a guarnecer. |
...colocar os meios para que uma das Forças Armadas cumpra sua destinação constitucional, nas mãos de uma outra Força Armada, é um anacronismo que o bom senso, e a Segunda Guerra Mundial, se encarregaram de expor. Neste sentido, o Primeiro Grupo de Aviação Embarcada, da Força Aérea Brasileira, nasceu anacrônico, em 1957. O GAE refletia uma sobrevivência, uma "permanência" (como nós, os historiadores, gostamos de dizer), dos tempos em que os ditadores da década de 1920/30, criavam Forças Armadas como garantias de sobrevivência política. Mas, isto não era da conta da unidade em si, e muito menos dos homens que a compuseram. Na verdade, não caberiam em um volume, ou dois, ou mais, o tanto de esforço pessoal, de abnegação sacerdotal, mesmo; de coragem, física e moral, que se exigiu dessa gente, para que o 1º GpAvEmb se desincumbisse da sua missão, que era o de estar sempre pronto, da melhor maneira possível, para defender em combate os interesses brasileiros (seja lá qual fosse a orientação dos seus governos), numa emergência qualquer (eram tempos de Guerra Fria, bem posto).
Estas imagens das "caras dos caras" do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada, eu as escaneei diretamente dos negativos, sempre já muito comprometidos, e foram feitas em ABR87, pelo suboficial Castilho, fotógrafo da unidade à época, e, eu aposto, algumas pelo Sargento Tenório. É justamente este que aparece na primeira foto, abaixo, de costas pra ilha da Trindade. Pela cara de "boy" (de novinho, inexperiente, no jargão dos marinheiros), é bem possível que ele estivesse
"debutando" a bordo; mas eu não tenho certeza.
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Sargento Tenório, ao fundo a ilha da Trindade. |
As próximas fotos, onde aparecem as pessoas num pequeno auditório, são na verdade do "Brifim Dois", a maior sala de apronto (Briefing Room) do navio, que tinha três delas. Claro, nós éramos, sempre, o maior contingente do grupo aéreo do Minas Gerais, por isso, ganhávamos o maior espaço. O Brifim Dois era o santuário da Embarcada a bordo, onde desfrutávamos de um ar de franca privacidade e intimidade, coisas importantes enquanto acolhidos por aquele país amigo, a Marinha. Em todas as fotos, o fotógrafo estava voltado para a proa, indicando que nos sentávamos voltados para a popa do navio. À DIR do Brifim, no fundo, havia uma pequena copa, onde se faziam o café e picavam-se queijo e presunto, à guisa de "tira-gosto"; era ali que eu esquentava a água para o mate, muitas vezes. À ESQ do compartimento, escondida pelo aparelho de ar-condicionado, ficava uma porta que se abria para um grande corredor, que ligava a proa à popa do navio, no nível do convés da galeria. Por ele se tinha acesso, através de escadas abaixo, ao convés de hangar, ou, ao convés de voo, bem como à ilha, escadas acima.
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São reconhecidos os efeitos que o convívio em lugares confinados geram nas relações hierárquicas (o que é quase uma obviedade): proximidade pessoal ainda que, nunca, significasse afrouxamento das próprias relações de hierarquia. Pelo contrário. Quanto mais eu conheço o homem ao meu lado, mais eu o respeito (claro, se ele merecer. Nestas condições de confinamento, os embusteiros, os maus, não tem como se esconder), acima e abaixo da cadeia hierárquica. A lealdade dos veteranos à unidade, mesmo tantos anos passados, atesta o que escrevo. "Band of Brothers", já nominara o velho Shekespeare. |
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Sgt. Silva usando o "gambá (a camisa marrom com a faixa branca), ao lado do Suboficial Adriano. Atrás, o Tenente Haiki, (atrás do Silva) que recomendara ao seu sucessor como Oficial da Manutenção, que este fosse amigo dos Suboficiais, que ouvisse o Sub Monsores e o Sub Castro! Ao lado, Sgt A. Machado, e os demais, à exceção do Tenente Guedes (de bigode, em pé na copinha), eu não conheci. Proximidade, como eu dizia, acima. |
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Eu não reconheço o cavalheiro em primeiro plano, mas o próximo, atrás dele, é o Sargento Márcio, depois o Sargento Aguilar, rijo e leal, que afrontou um colega certa vez, para salvar o meu coro de novinho, nestas mancadas que só os novinhos sabem fazer. Ao lado dele, no corredor, um companheiro do ESM, que embarcavam para nos auxiliar, sem pertencerem ao GAE. Atrás dele um dos homens mais serenos e inflexíveis no que tange às obrigações de um profissional responsável que eu conheci, o Sargento (depois Suboficial) Moraes. ao lado dele, um soldado que eu não conheci. |
As cobertas eram os compartimentos destinados a alojar os homens. Claro, os oficiais dispunham de acomodações menos... populosas, por assim dizer, com poucas pessoas ocupando um mesmo camarote, que podiam, mesmo, ser privados, conforme era o caso dos comandantes dos esquadrões embarcados. Mas não havia real falta de conforto a bordo, a não ser para os nossos Cabos e Soldados, estes sim, a par dos grandes sacrifícios físicos a que eram submetidos, normalmente viviam em espaços muito mais lotados; quer cobertas, quer banheiros. Sempre digo que não se inventou medalha que possa reconhecer o tanto que a unidade deveu a esses heróis, dormindo lá embaixo no navio, abaixo da linha d´água, num calor quase sempre insuportável, em beliches de lona. Seja como for, para a maioria de nós, as cobertas, não representavam verdadeiro desconforto. Na verdade, dependendo do horário, eram, também, um refúgio de alguma privacidade, acolhendo os homens em qualquer cantinho...às vezes, garrafas de whisky camufladas, acolhiam verdadeiras festas, com violão, pandeiro e cantoria.
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Sargento Ricardo, o nosso Ricardinho. O cara da cultura, profunda e variada. O cara do estudo e da construção pessoal. Atrás dele, a porta estanque da coberta A214-1LA, que se abria para a parte do corredor do convés da galeria, que levava à proa, passando pela "cantina", acesso à catapulta, sala de estar/sala de musculação (a bombordo) e ranchos dos 2ºs e 3ºs Sargentos (a boreste). |
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Dois companheiros que eu não conheci, desfrutando de alguma privacidade, no lugar que estava ao alcance do braço ESQ do Ricardinho, na foto anterior. As camas eram dispostas lado a lado, empilhadas em até quatro "andares". |
O convés de voo era o lugar da nossa realização. O lugar do voo, da partida para as missões, e o lugar da "volta ao lar", ao final daquelas. Em ABR87, o uniforme de voo ainda empregava o "papo-amarelo" como equipamento de sobrevivência (o que, para mim, que cheguei pouco mais de um ano depois à unidade, aumentava a aura de aventura na Segunda Guerra Mundial...). A turma da Manutenção (muitas vezes, a mesma que voava), sempre guarnecendo "postos de voo", pronta a atender qualquer eventualidade técnica, panes, nos aviões escalados para o voo, bem como as emergências de "Crash", ou, incêndios. Do pessoal do 1º GpAvEmb, se esperava a mesma resposta no controle de danos, quanto da tripulação da Marinha. Além disso, o convés de voo era o reino do OSP, o Oficial Sinalizador de Pouso. Piloto ele próprio, tinha a carga de ajudar a aproximação para o pouso dos seus colegas e suas tripulações. Uma enorme carga.
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Tenentes Fleming e Cavalcanti, observam o Major Souza Lima assessorar o OSP, o TCel. Rômulo, Comandante do GAE. De azul, o marujo que se encarregava da leitura de balanço e caturro do navio. O "Doc" observa o "show" inusitado. |
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O Comandante do Grupo, TCel Rômulo acompanha um convidado da Marinha para um voo de cortesia.. Notem o pessoal da Marinha com calças brancas, atrás, coisa reservada para feriados e dias santos. Na verdade, haveria uma parada naval, na sequência. |
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Coisa de feriados e dias santos de guarda, pela raridade, também, é o Sargento Almeida, vestindo tênis (!!!), antes de um voo. A equipe de sobreaviso posa com a tripulação pronta para o voo. |
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ESQ-DIR Sargentos Júnior, "Rosinha" (por me escapar o nome deste companheiro), Valdeci, ?, Gilberto (Olhando para a câmera), ?, Cantídio, Tenentes Pedroso e Fleming, posando para o fotógrafo. |
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Tenente Barreira atuando como OSP, e Tenente Sperry secundando-o. |
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Major Souza Lima no seu elemento. O homem da operação embarcada. A história deste oficial, enquanto comandante do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada, ainda precisa receber a atenção que lhe é devida, não menos importante, pelas incompreensões de que acabou vítima. Mais um destes heróis de verdade, que nunca poderão competir com cantores de fânque. |
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TCel Rômulo, comandante do Grupo entre FEV86 e FEV88. Unanimidade em respeito e devoção por parte dos seus comandados; e, acreditem, ninguém engana a tropa. |
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ESQ-DIR Suboficiais ?. ?. Nascimento, Sargentos A. Machado, Márcio, Aguilar, ?, Moreira (o homem que rastejou de volta aos destroços do 7017, momentos depois deste se despedaçar em Salvador, para fechar as válvulas de combustível do avião!). Moacir, Cesar, Salles, Canelhas (hoje, pilotando helicópteros para a Polícia Federal), Alves, Suboficial Adriano, Sargento Moraes. |
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Tenentes Marques, Nélio, Guedes, Aquino, ?, Marcos Antônio, TCel Rômulo, Maj. Fernandes e oficiais da Marinha. |
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Acredito que este "Doc" não era do efetivo do 1º GpAvEmb; poderia ser do Esquadrão de Saúde de Santa Cruz, escalado para apoio da unidade, que sempre deveria levar consigo médico e enfermeiro para bordo. Não é uma "cara" do GAE, portanto, mas serve para ilustrar a elegância dos nossos "modelitos" a bordo. |
Nós, Docs, sempre "peruando". Ou era mandatório...
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