Aspectos da revitalização dos P-16; que nunca aconteceu.




Era o dia do aniversário do 1º GpAvEmb, 06FEV89, e a data augurava  um renascimento para a unidade. O  P-16E 7036 prestes a deixar Santa Cruz, rumo ao Canadá, com os capitães (da ESQ para a DIR) Fleming, Haicki e Marcos Antônio.

...em ABR92 o Primeiro Grupo de Aviação Embarcada sediou o primeiro curso destinado a habilitar o seu pessoal, à manutenção dos aviões remotorizados com as turbinas PW PT6A-67. As aulas foram ministradas por técnicos canadenses da empresa IMP, bem como pelos nossos dois militares, que acompanharam, no Canadá, a repotenciação do 7036, o "procópio" (protótipo) do projeto. A piada com o "procópio", era para provocar o nosso Suboficial... Procópio. Por fim, contudo, como acontece com as instituições públicas que vivem dizendo que não há recursos, depois de gastos alguns montes de dinheiros, o programa deu n´água; foi cancelado (ao contrário do que aconteceu com os S-2 da Argentina). Apenas o 7036 foi modificado com motores turboélices, sem ter recebido nenhum equipamento de combate Anti-submarino (ASW) novo, e jamais voltou ao estado operacional. Desde FEV89, na prática, a remotorização significou apenas a subtração de um avião operacional, da já reduzida frota de combate do 1º GpAvEmb.

O Sargento Ricardo, o homem do espírito aberto, da cultura larga e inspiradora, servindo de interprete, auxiliando algum colega em dificuldades com a língua inglêsa.

As salas de brifim eram espaços muito bem equipados para as atividades de instrução, equipados com todo o tipo de facilidades, inclusive com algum isolamento acústico, de maneira que o ruidoso ambiente do hangar, e da pista, não interferiam, realmente, nas atividades que se desenvolviam ali.

A decisão de encerrar o programa de revitalização dos aviões, já definida no final de 1993, no limite, significou o desaparecimento da unidade. Os confusos meandros políticos da vida da FAB admitiram a desativação dos P-16, significando a perda da capacidade operacional ASW, mas, paradoxalmente, se preocupavam que disto pudesse "[...] resultar esforço unilateral da Marinha do Brasil em alcançá-la por seus próprios meios, com aquisição de outras aeronaves para sua própria operação."  (ofício de encaminhamento da "Proposta Operacional Preliminar ASW", do Comando Geral do Ar, de 22DEZ93). Por isso se recomendava já pensar num avião Antisubmarino (ASW) baseado em terra "[...] antes que a Marinha o faça [...]." (idem). De maneira objetiva, a mancada foi, tirar um, sem ter outro avião para colocar no lugar; e o país acabou uns bons 20 anos sem os meios e o "know-how" de se defender contra as ameaças de submarinos, a partir do alcance e velocidade dos aviões. E impedindo a Marinha de fazê-lo. Para quem tem plataformas de petróleo como o Brasil tem... economia girando ao redor de portos como o Brasil tem... indústrias instaladas na região litorânea (inclusive as de Defesa) como o Brasil tem...

Da ESQ para a DIR: Sargentos Correa e Salles, Suboficial Valdeci. O Sgt Martins está meio encoberto por um militar que devia ser do PAMA-SP, assim como o cavalheiro que lhe está à ESQ. O SO Romano encobre o Sargento Aguiar. De óculos, B. Romano, Vivaldo, H. Soares (atrás do projetor), Pereira e Edilson, com os braços cruzados.

O 7036 já com seus turboélices, tendo diante de si o "alunato". Em pé, da ESQ para a DIR, dois Sargentos do PAMA-SP, o "alemão" Grossl, Marcondes, Vivaldo, Galvão, Ricardo, Salles (atrás dele, o Martins), Cláudio, Moreira, Gilberto, Pereira e Jackson. Abaixados: os dois técnicos da IMP, Edilson, Salomão e B. Romano.

Fosse como fosse, nós, os integrantes do 1º GpAvEmb, ou, a grande maioria de nós, não desconfiávamos do negrume das tempestades que se formavam no horizonte, há poucos anos dali. Em 1992 estávamos excitados e motivados com a perspectiva de ver nossos aviões revitalizados, e modernizados. Empregávamos nossos melhores esforços e esperanças para ver a nossa unidade equipada, equiparada ao que havia de moderno na sua missão de buscar o "Tirano" escondido no fundo do mar. E fomos, os escalados (não foi o meu caso), para as nossas salas de aula, nos debruçar sobre o novo motor e seus sistemas e manuais respectivos. A "sala de aulas" que aparece nas fotos em P&B, é a sala de brifim do Primeiro Esquadrão (O GAE era formado por dois esquadrões, um operacional -1º/1º GpAvEmb- e um instrucional -2º/1º GpAvEmb), o "Brifim Um". Claro, havia o "brifim Dois", do outro lado do hangar - parede W, pertencente ao Segundo Esquadrão.

Em 29NOV02 eu fotografei o 7036, aguardando embarque de volta aos EEUU. Até  onde sei, ele iria para a MARSH Aviation, possivelmente para servir de fonte de peças para seus irmãos que continuavam voando por lá.

A última vez que fotografei vestígios do 7036, foi em MAI03, quando aguardavam destino, no hangar dos dirigíveis, as hélices Hartzel, e os pesadíssimos berços e carenagens do motor. O excesso de peso devia-se à necessidade de manter o CG do avião, após a retirada dos motores Wright Cyclone, originais. Muitos anos depois soube que uma das hélices está bem preservada na casa de um grande amante de aviões; amigo meu, pra minha alegria.

Para as fotos em preto e branco não tenho registro de quem teria sido o fotógrafo, mas deve ter sido o J. Cruz, o nosso retratista à época. A foto colorida, que abre este artigo, é justamente dele, escaneada diretamente dos negativos, já muito deteriorados e mal preservados, e que precisavam de um "photoshopper" melhor que eu. As últimas fotos são minhas.

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