Aspectos da revitalização dos P-16; que nunca aconteceu.
...em ABR92 o Primeiro Grupo de Aviação Embarcada sediou o primeiro curso destinado a habilitar o seu pessoal, à manutenção dos aviões remotorizados com as turbinas PW PT6A-67. As aulas foram ministradas por técnicos canadenses da empresa IMP, bem como pelos nossos dois militares, que acompanharam, no Canadá, a repotenciação do 7036, o "procópio" (protótipo) do projeto. A piada com o "procópio", era para provocar o nosso Suboficial... Procópio. Por fim, contudo, como acontece com as instituições públicas que vivem dizendo que não há recursos, depois de gastos alguns montes de dinheiros, o programa deu n´água; foi cancelado (ao contrário do que aconteceu com os S-2 da Argentina). Apenas o 7036 foi modificado com motores turboélices, sem ter recebido nenhum equipamento de combate Anti-submarino (ASW) novo, e jamais voltou ao estado operacional. Desde FEV89, na prática, a remotorização significou apenas a subtração de um avião operacional, da já reduzida frota de combate do 1º GpAvEmb.
O Sargento Ricardo, o homem do espírito aberto, da cultura larga e inspiradora, servindo de interprete, auxiliando algum colega em dificuldades com a língua inglêsa. |
A decisão de encerrar o programa de revitalização dos aviões, já definida no final de 1993, no limite, significou o desaparecimento da unidade. Os confusos meandros políticos da vida da FAB admitiram a desativação dos P-16, significando a perda da capacidade operacional ASW, mas, paradoxalmente, se preocupavam que disto pudesse "[...] resultar esforço unilateral da Marinha do Brasil em alcançá-la por seus próprios meios, com aquisição de outras aeronaves para sua própria operação." (ofício de encaminhamento da "Proposta Operacional Preliminar ASW", do Comando Geral do Ar, de 22DEZ93). Por isso se recomendava já pensar num avião Antisubmarino (ASW) baseado em terra "[...] antes que a Marinha o faça [...]." (idem). De maneira objetiva, a mancada foi, tirar um, sem ter outro avião para colocar no lugar; e o país acabou uns bons 20 anos sem os meios e o "know-how" de se defender contra as ameaças de submarinos, a partir do alcance e velocidade dos aviões. E impedindo a Marinha de fazê-lo. Para quem tem plataformas de petróleo como o Brasil tem... economia girando ao redor de portos como o Brasil tem... indústrias instaladas na região litorânea (inclusive as de Defesa) como o Brasil tem...
Fosse como fosse, nós, os integrantes do 1º GpAvEmb, ou, a grande maioria de nós, não desconfiávamos do negrume das tempestades que se formavam no horizonte, há poucos anos dali. Em 1992 estávamos excitados e motivados com a perspectiva de ver nossos aviões revitalizados, e modernizados. Empregávamos nossos melhores esforços e esperanças para ver a nossa unidade equipada, equiparada ao que havia de moderno na sua missão de buscar o "Tirano" escondido no fundo do mar. E fomos, os escalados (não foi o meu caso), para as nossas salas de aula, nos debruçar sobre o novo motor e seus sistemas e manuais respectivos. A "sala de aulas" que aparece nas fotos em P&B, é a sala de brifim do Primeiro Esquadrão (O GAE era formado por dois esquadrões, um operacional -1º/1º GpAvEmb- e um instrucional -2º/1º GpAvEmb), o "Brifim Um". Claro, havia o "brifim Dois", do outro lado do hangar - parede W, pertencente ao Segundo Esquadrão.
Para as fotos em preto e branco não tenho registro de quem teria sido o fotógrafo, mas deve ter sido o J. Cruz, o nosso retratista à época. A foto colorida, que abre este artigo, é justamente dele, escaneada diretamente dos negativos, já muito deteriorados e mal preservados, e que precisavam de um "photoshopper" melhor que eu. As últimas fotos são minhas.
Comentários
Postar um comentário