Sobre bolos e pousos em porta-aviões (e os que o Minas Gerais não teve).
Seja como for, esta cerimônia do bolo é uma tradição da marinha americana, conforme se vê na foto imediatamente acima, de 1948, feita a bordo do USS Franklin D. Roosevelt, por ocasião do 17.000º pouso (e pelo jeito tinha sorvete, também). O fotógrafo era Mark Kauffman, para a revista LIFE. A partir da falta de evidência fotográfica no material da Embarcada que eu pude preservar, eu não tenho muita certeza se esta tradição se transferiu para o Brasil, a bordo do Minas Gerais, embora eu tenha encontrado em dois envelopes de negativos, referências a dois "milhares" diferentes, Mas, referência, bem entendido. Não encontrei nunca nenhuma foto positivamente referenciada aos feitos.
Em um destes envelopes, por exemplo, de 13OUT82, está anotado que se registra o 9.000º pouso a bordo do Minas Gerais, a única imagem de operações aéreas que restou (junto com outras meras quatro), é esta imediatamente acima. Como aquele embarque foi marcado, também, pela visita a bordo, do comandante da Base Aérea de Santa Cruz, o Coronel Regis, fica-se ainda mais em dúvida se a foto é do pouso comemorativo, ou, da chegada do comandante da BASC. Seja como for, ao final dos seus mais de quarenta anos de operações na Marinha do Brasil, de acordo com o lindo livro do Casella e do Rudnei (Grumman S-2 no Brasil), no final de sua vida operacional o Minas acumulava 17.022 ganchos (pousos a bordo), sendo que o Primeiro Grupo de Aviação Embarcada foi responsável por 16.746 (diurnos e noturnos).
A diferença de 276 ganchos entre os dois números, deve dizer respeito aos pousos realizados em OUT60, durante as avaliações do estado do navio, ainda na Europa, nos estágios finais da sua reconstrução. Aquelas operações aéreas foram realizadas por uma unidade aérea da Royal Navy, contratada para aquele fim, o 700 NAS. Logo acima aparece um recorte de jornal do qual eu não tenho os dados, nem mesmo de quem o publicou na Web. Antes que o 1 GpAvEmb pousasse a bordo, ainda durante a disputa entre a MB e a FAB pelo direito (como se uma questão técnica pudesse submeter-se a uma construção legal!!), A MB operou por sua conta, alguns T-28, e com eles anotou, também, alguns ganchos. Por último, em JAN01, pouco mais de quatro anos após o GAE ter realizado seus seu último pouso a bordo, o Minas Gerais recebeu a bordo os A-4 da VF-1, no reencontro da Marinha com as asas fixas e seus enganchamentos.
Comparando os números finais do Minas com os iniciais do FDR (conforme aparecem na segunda foto), poder-se-ia conjecturar que, considerando-se os avanços da Aviação Naval da Marinha, desde 1965, e a evolução que a FAB permitiu ao Primeiro Grupo de Aviação Embarcada, até 1996, o velho Minas Gerais poderia ter assistido a muitas mais cerimônias de corte de bolos, tivesse a Marinha assegurado o direito de operar aviões, desde 1960. Nosso querido Minas Gerais teria sido (muito) subutilizado. Contudo "conjecturas" não são história...
Eu imagino como seria a aviação naval brasileira caso o entrevero com a FAB não tivesse acontecido...
ResponderExcluir