Sala de Brifim Número Dois, a bordo do Minas Gerais.
..."briefing" é uma palavra inglesa com alguma largueza de significados. Para o pessoal da aviação, em geral, o mais notório é "reunião", talvez; mas, ainda assim pode assumir o sentido de "resumo geral". Os mais versados na língua (e nas coisas da aviação) haverão de me salvar através de algum comentário, por certo. Seja como for, destes dois sentidos, principalmente, derivam termos como "Briefing Room", em português, "Sala de Briefing", que evoluiu, lógico, para "Sala de Brifim", ou, "Sala de Apronto". É o lugar da REUNIÂO, onde se vai ultimar os detalhes para a execução de uma missão. O lugar dos últimos ajustes e instruções, o APRONTO. Na verdade, a mesma lógica se repete ao fim do voo: a missão só acaba depois do "debrifim", um balanço, uma revisada geral, um resumo, no que foi feito durante o voo. Na verdade, a rigor, "brifim" e "debrifim" não dependem de sala nenhuma (quem nunca participou de um brifim sob a asa do avião que atire a primeira lata de óleo).
O Major Fernandes faz a honras ao homenageado. À DIR da foto, uma porta que dava acesso ao grande corredor do convés da galeria. Podia-se ir da popa à proa por ali, descendo (para o convés do hangar), ou subindo (para a ilha e convés de voo). Havia uma outra porta ao fundo da sala. |
O porta-aviões Minas Gerais, a base primeira do Primeiro grupo de Aviação Embarcada (alguns pensam que era Santa Cruz), tinha três salas de brifim, e a número Dois era a do 1° GpAvEmb, por ser a maior, e caber mais gente; o que não significa que coubéssemos todos lá ao mesmo tempo, salvo para algum evento especial. Nestes casos, todo mundo se comprimia, ocupando qualquer espaço, escorando-se na parede do corredor (na verdade, antepara de bombordo, nós estamos a bordo, lembra?), ou na antepara de boreste, que era inclinada uns 20°, acompanhando o desenho do casco do navio sob a ilha. Ali até que dava um bom lugar para se ficar recostado. Na verdade, eu guardo a tese de que era justamente aquele ajuntamento do Brifim Dois, o verdadeiro útero que gestou os laços de lealdade e camaradagem que marcavam os homens do 1º GpAvEmb. Ali, oficiais, graduados e praças, literalmente, viviam ombro a ombro, sentavam lado a lado, ainda que sem prejuízo da hierarquia e da cortesia militar. Sem querer parecer Shakesperiano, no Brifim Dois era sempre dia de São Crispim, o tipo lugar propício à formação dos Band of Brothers. E nós todos, ainda hoje, nos orgulhamos muito disso.
Junto à porta, à DIR da foto, está o "destinômetro" dos oficiais. Quem se ausentasse do Brifim, deixava escrito ao lado do seu trigrama, o lugar/ramal onde poderia ser encontrado; Noblesse oblige. |
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