Como em qualquer supermercado, o problema do estacionamento em espaços reduzidos.

...as operações UNITAS eram grandes exercícios anuais, patrocinados pela Marinha dos Estados Unidos (USN), e se desenvolviam com as marinhas da América do Sul, tanto da costa do Pacífico quanto da costa atlântica. Eram tempos da Guerra Fria; a sovietização de Cuba aconteceu ali, nas barbas do Tio Sam, e os caras não estavam dispostos a facilitar as coisas pros comunismos "cucarachas". Politicamente, patrocinaram toda a série de golpes militares pelo continente e, claro, militarmente, mantiveram a pressão e a vigilância, de olho nas "lealdades" dos poderosos locais. O Primeiro Grupo de Aviação Embarcada esteve, durante toda a sua existência, na linha de frente das UNITAS, quando elas se desenvolviam por águas brasileiras. A unidade vivia para a guerra no mar, daí que, doutrina, manuais e vivências, vinham justamente do que a USN desenvolvia, visando derrotar os Russos no teatro de operações marítimas. E admitamos, eles erravam, mas não brincavam em serviço. Nem nós.



Pois foi durante a UNITAS XXII, em 1981, que aconteceu este incidente no hangar do velho e querido Minas Gerais. Na verdade, e curiosamente, um incidente dentre os muitos que houve naquela comissão; um número desproporcional deles, por algum motivo. Bueno, seja como for, o distinto leitor pode ter uma ideia, logo de saída, de como o espaço é disputado a bordo de num porta-aviões! Mas, curioso, também, foi o registro do incidente feito pelo Oficial de Segurança de Voo (OSV) do Grupo, ou quem quer que tenha feito as anotações nas fotos, informando do incidente com o 7031 e o "helicóptero HS 7012".



Ora, nunca existiu um "helicóptero HS 7012" na Marinha do Brasil. Na verdade, o helicóptero era um SH-3 do esquadrão HS-1, matrícula 3012, como se vê nas fotos. Não bastasse este detalhe, na verdade engraçado, num dos outros incidentes registrados naquele embarque, quando um dos nossos aviões danificou a carenagem da extremidade do "MAD Boom", encontrei escrito "Danos ao Radômetro" Ora, nunca existiu um equipamento chamado "radômetro"! Muita cerveja depois do jantar?... Estas fotos foram feitas pelo fotógrafo da unidade, o Sargento Cinello, e pertenciam aos arquivos do OSV do 1º GpAvEmb. Estes arquivos foram descartados pelo OSV do 4º/7º GAv, lá pelo início do Século XXI, quando o venerável hangar dos zeppelins assistiu aos tenebrosos rituais de erradicação do que alguns chamaram de "ranço da Embarcada", e toneladas de registros viraram papel higiênico... foram tempos muito difíceis pra mim, mas, que bom que eu estava lá...

O teto do hangar era o próprio Convés de Voo (convoo). Reparem nas pequenas aletas próximas à articulação entre o leme de profundidade e a empenagem, são os geradores de vórtice, destinados a aumentar a eficiência dos controles (tudo depende de controle, quando numa emergência, tu estás monomotor, lento, precisando trazer o avião de volta para o convoo). Daí, também, os grandes compensadores, e o Ruder Trimm Tab, a parte verde (escura) do conjunto do leme (a parte amarela), cujos topos aparecem sob a viga do convoo.


Comentários

  1. Esse estrago indisponibilizou-o para voo?

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    1. ...eu desconheço, Gustavo. Mas eu assisti a uma situação similar que sim. Na ocasião recorreu-se à ponta do profundor de um avião que estava indisponível por uma outra pane. Quando chegamos ao porto, as peças necessárias estavam lá, esperando por nós, e este "hangar queen" voltou á escala de voo...

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