Ainda sobre os P-16 e bombas.


...o sucesso do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada na Manobra Real de 1976 (MR-76; veja-se o artigo anterior), usando seus aviões no papel de incursores, sem dúvida deveu-se à aplicação original de uma iniciativa operacional inovadora, conforme registrou o Brigadeiro Assis:

"Esta MR76 foi montada pelo Reinisch e por mim na ECEMAR, e ele demorou a aceitar a ideia do P-16 como bombardeiro. Foi um sucesso elogiado pelo T.Brig. Deoclécio, COMGAR à época".

Aparentemente, apesar de bombas de fins gerais não fazerem parte do cardápio diário dos nossos aviões, a ideia do casamento entre os P-16E e as bombas de queda livre parece ter persistido por algum tempo. Nos escombros do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada, após sua desativação, em 1998, eu encontrei um envelope com dois negativos onde se lia a data, "julho de 1977". O objeto das fotografias parece ser algum treinamento que a Seção de Armamento do Grupo realizava, armando as estações do Torpedo Bay com bombas de fins gerais de 250 libras, conforme me parece. Ao contrário dos P-16A que tinham apenas uma, os P-16E traziam duas estações de armamento (nºs 6 e 7) no Torpedo Bay; dois porta bombas, capazes de receber um torpedo guiado em cada um. Na verdade, um deles era o Aero-65, dimensionado para artefatos nucleares, e que dispunha de sistemas ainda mais protegidos, quer para lançamento, quer para alijamento da carga em emergência.

O Sargento Elias, da Seção de Armamento da Embarcada, operando o macaco, tem a atenção desviada pelo fotógrafo. Janelas na lateral da fuselagem permitiam o emprego de ferramentas especiais para o carregamento das bombas e torpedos no Torpedo Bay. O longo objeto de lona entre os homens e o trem de pouso é uma bolsa, que era presa aos porta-bombas, e servia à alguma necessidade de transporte de pequenas cargas.

Um outro veterano do 1º GpAvEmb, o Cardeal 95, Francisco José Dominguez:

"[...]se a data da foto foi realmente de 1977, foi só treinamento do pessoal de armamento [...] porque não lembro de outra ocasião de usarmos essas bombas. Os P-16 participavam das demonstrações aéreas usando foguetes e bombas de napalm. Nunca usamos bombas de emprego geral porque não se sabia a altura mínima de segurança para evitar os estilhaços (envelope de fragmentação). O ensaio com o pessoal do CTA foi exatamente para avaliar essas coisas. Os ensaios com o pessoal do CTA foram em nov e dez de 1978."

Na verdade, os ensaios a que se referiu o Coronel Dominguez, dos quais ele participou de um voo (no dia sete), ocorreram entre 06/07DEZ78, de acordo com o relatório do CTA/IPD de 14FEV79. Estes testes buscaram avaliar as bombas Mk-12, com espoletas hidrostáticas AN Mk 230 Mod 4, empregadas como bombas de profundidade. Diz o relatório que, na falta de "[...] publicações que forneçam o envelope de fragmentação desta bomba [...] utilizou-se o envelope de fragmentação da bomba LDGP Mk-82 para determinação de altura de segurança para o avião lançador." Fosse como fosse, os testes revelaram, depois de falharem todas as bombas sobre a água, e uma proporção exagerada das lançadas sobre a terra, com espoletas de contato, que a "[...] falta de confiabilidade da bomba não permite, tal como está, considerá-la como RESERVA DE GUERRA (sic)."

Uma bomba de fins gerais de 250 lbs descansa sobreo macaco. Na falta deles, havia um conjunto de de guinchos portáteis que permitiam aos homens do armamento, içarem as bombas e os torpedos até as garras dos porta-bombas.

A despeito dos testes de DEZ78, somente em ABR82 a Embarcada foi cientificada de que os canais superiores decidiram que o emprego da bombas Mk-12 "[...] é ineficaz contra submarinos, pelo que [opinam] pela não continuação dos estudos relativos à espoleta hidrostática [...]".

Comentários

  1. Prezado Thiesen, sedo o sr especialista em armamentos, seria interessante um post sobre as armas conduzidas pelo nosso querido VETOR(proposital) da Embarcada....

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