Recuperação de documentos primários e Mergulhadores de Combate. Ou, como ir montando a história da vida a bordo do Minas Gerais.

...no prédio que era genericamente chamado de GAS (Guerra Anti-Submarino), o Primeiro Grupo de Aviação Embarcada possuía instalações muito bem estruturadas, modernas, limpas, iluminadas, refrigeradas, que abrigavam os meios de simulação de missões, o laboratório de línguas e as seções de instrução aérea e terrestre. Este prédio ficava apartado das instalações principais do Grupo, no Hangar dos Zeppelins, lá, depois da Seção de Lavagem da Base, fronteiro à linha de voo dos A-1 do 1º/16º GAv. Na verdade, o GAS formava um baita contraste com as instalações vetustas do Hangar dos Zeppelins. Seja como for, as seções de instrução mantinham lindas caixas metálicas para os slides, que eram usados nas aulas dos cursos ministrados no âmbito da unidade, destinados a preparar os recém chegados ao Grupo não só a trabalharem com os aviões, mas, na condução das missões operacionais. A FAB não possuía estruturas do tipo das unidades de conversão operacional, que entregam os homens já treinados às suas respectivas unidades e, portanto, a responsabilidade recaía sobre o nosso pessoal, que, eventualmente, deixava seus afazeres cotidianos, para ministrar as aulas e treinamento dos novatos.


Parece, além de curioso, na verdade, incrível, que os Whirlwind da Marinha, já avançados na carreira, e tendo chegado ao Brasil depois que o 1º GAE já operava a bordo, receberam matrículas que conflitavam com as de três P-16A: 7024, 7025 e 7026 (escapava disto o 7027). Veja-se Chico Pereira Neto.

 Pois bem, com a desativação do GAE, em 1998, aquele complexo virou um incrível monte de escombros em pouco tempo, devorado pela umidade, ratos e cupins, Os morcegos tomaram conta de tudo, e o ar era quase irrespirável nos calores incríveis do verão. Foi dali, contudo, que eu tirei algumas daquelas caixas de slides, com os seus aparentemente enfadonhos conteúdos. Eu descobri, na verdade, que muitas imagens dos cotidianos do 1º GpAvEmb  eram utilizadas nas aulas, para ilustrar um ou outro ponto de uma aula qualquer. Neste sentido, algum esforço em reunir estas fotos "ilustrativas", separando-as em função do objeto retratado, logo revelou que era possível reconstituir sequências muito interessantes da história do Grupo, conforme já demonstrei em muitos artigos precedentes

Se bem me lembro, os feridos, ou, "feridos", podiam ser baixados até o hospital, conveses abaixo, utilizando-se o elevador de armamento, que conectava os paióis ao convés de voo.

Pelo menos dois Sargentos do GAE auxiliam no transporte da maca, juntamente com um Mergulhador de Combate

Este artigo mostra exatamente uma sequência deste tipo, montada a partir da aparente coerência interna entre as partes. Evidentemente, não sendo o registro de algum sinistro real, estes diapositivos revelam um exercício de queda de aeronave na água, e resgate de sobreviventes. Pessoalmente, a bordo do Minas Gerais, eu nunca assisti a um exercício deste tipo, mas vi, duas vezes, a eficiência dos helicópteros atuando em funções de guarda e resgate, e seus mergulhadores de combate. Nas duas ocasiões houve mortos, mas quem podia ser salvo, quem conseguiu se livrar da aeronave que afundava, estava de volta a bordo do Mingão, em minutos. Incríveis mergulhadores de combate que voavam com as competentes tripulações dos HU-1 e HU-2; Bravo Zulu pra esses 'di mu'...

O que permite inferir que as fotos acima sejam de um exercício, é o fato desta imagem mostrar o helicóptero levando o "náufrago" para longe da segurança que significa o Minas Gerais.

Em 18SET90 eu assisti e fotografei a queda deste Super Puma da Aviação Naval. Os dois tripulantes que não foram puxados pra baixo estavam de volta ao navio em uns poucos minutos.

Colete salva-vidas do Ten. Ricardo, piloto do P-16E 7030, que foi trazido de volta ao navio depois que este perdeu-se no mar, em 13NOV95. O resgate dele, e do Maj. Marcos Antônio, que lhe servia de instrutor, foi coisa de menos de cinco minutos. A tragédia foi termos perdido o Renato, Sargento Renato Souza Dutra, que não conseguiu sair do avião. A foto é do Sargento Carlos Alberto, fotógrafo do Grupo. 

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