Dos primeiros tempos em que a Embarcada se viu... embarcada.

Na prática, lá em Santa Cruz, o nome da operação era "Catrapo", um diabo de um nome que parece servir a qualquer tipo de pouso "duro" (o que tem tudo a ver com o pouso em porta-aviões), mas pode ser uma contração de "Carrier Trap Operation" (algo como "operação de enganche em porta-aviões)... enfim, um diabo de uma palavra, que usávamos para designar a operação de simulação do pouso a bordo. Medida mandatória, preparatória para qualquer embarque. Curiosamente, o termo era empregado não só para a simulação, mas também, o treinamento dos pousos a bordo propriamente ditos.  De fato, realizávamos "Embarques de Catrapo", destinados exclusivamente ao treinamento das tripulações. 

Em 18ABR1961, cinco tripulações do Primeiro Esquadrão, do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada (1º/1º GpAvEmb.), levaram seus P-16, novinhos em folha, até a Naval Air Station (NAS) Pensacola, na Florida, para finalizarem as atividades de treinamento de pouso simulado em porta-aviões (em inglês: Field Carrier Landing Practice - FCLP). Na sequência, por óbvio, realizariam suas qualificações (Carrier Qualification - CARQUAL) a bordo de um porta-aviões, no caso, o USS Antietam CVS-36.

O USS Antietam (USS significa: United States Ship, ou, Navio dos Estados Unidos), era um navio da Segunda Guerra Mundial, com convés reto, e foi o primeiro a receber a modificação/modernização do convés em ângulo, para receber os aviões a bordo; modificação que o nosso Minas Gerais receberia a partir de 1957, na Holanda. Aqui o Antietam aparece logo depois de ter sido convertido, em 1953.

Uma pequena nota sobre o navio, naquele tempo: A Jane´s Fighting Ships, famoso anuário sobre assuntos de Defesa, edição 1957/1958, lista o Antietam como "porta-aviões de apoio" (Support Aircraft Carrier), indistintamente, junto com os seus irmãos operacionais, ou seja, que embarcavam esquadrões de combate. Isto é curioso, pois o mais comum é associarmos "CVS", aos porta-aviões destinados à Guerra Anti-submarino (ASW), e não de "apoio". Também se nota que não estava em uso o designativo "AVT" (auxiliar -"A" - de treinamento -"T" - de aviação - "V"), como mais tarde se viu aplicado aos outros navios destinados ao treinamento de novos aviadores navais, como o USS Lexington e o USS John F. Kennedy. 

O USS Antietam singrando o Golfo do México em foto de 19ABR61, há poucos dias de receber o 1º GpAvEmb. Reparem que ele tem a bordo os aviões de treinamento T-2, atestando o seu emprego como nave de treinamento naquele período.

Bueno, mas seja lá como tenham se desenvolvido o sistema de designação dos porta-aviões americanos, a respeito daquela passagem do 1º/1º GpAvEmb pelos Estados Unidos, nunca encontrei fotos; quer dos FCLPs, quer dos CARQUALS. A exceção é um diapositivo que encontrei do 2º Esquadrão (Os "Anujas" do 2º/1º GpAvEmb, equipados com helicópteros HHS-1/H-34), pousado em grupo sobre o convés de voo do Antietam. Talvez ainda se encontrem registros nos arquivos pessoais dos veteranos, viúvas e mais familiares dos primeiros Cardeais. 

Na falta de fotos dos catrapos, FCPL, do 1º GpAvEmb nos Estados Unidos, eu coloco estas duas da Operação Rio Negro, coisa de um ano depois dos eventos que abordei aqui, e onde aparece a realização daquele tipo de exercícios.

Sobre as fotos que abrem e fecham este artigo, elas são da Operação Rio Negro, um evento de propaganda em meio a "guerra" entre a Marinha e a Força Aérea, a respeito de quem operaria os aviões a bordo do Minas Gerais (problema que, como soe acontecer com a Administração Pública no Brasil, deu a "ilógica"). Nesta "operação" o Primeiro Grupo de Aviação Embarcada foi levado a excursionar pelo Norte e Nordeste do Brasil, e aparecer em programas de televisão. Nosso querido Brigadeiro Assis, a quem agradecemos, sempre, toda a assistência, e que foi participante de tudo o que se lê aqui: "[Operação Rio Negro] Operação de marketing em prol da FAB. O OSP da simulação foi o Cel Girceu Machado."