Pois fizeram os P-16 jogarem bombas, ao invés de torpedos; ou, "Hei, Jaguar! Se tu puderes, vem me peg(u)ar"...
A se acreditar na legenda, missões de bombardeio não eram novidade no currículo dos valentes e versáteis P-16. Aqui um avião da Marinha dos Estados Unidos ataca o Vietnã do Norte, em 1967(?). |
...não importa que em 1976 os P-16E fossem novidades não só para o Primeiro Grupo de Aviação Embarcada, mas para o mundo aviatório brasileiro; os Mirage III eram as estrelas da FAB! Voando a duas vezes a velocidade do som, os lindos deltas prateados eram as vedetes; vedetes do Mundo, na verdade. Os israelenses vinham fazendo o diabo com eles lá no Oriente Médio, há mais de uma década, moendo, literalmente, qualquer coisa que os comunistas pusessem nas mãos dos árabes. E tudo com preços muito mais baixos que os dos aviões americanos; os Mirage eram sucesso de vendas no mundo inteiro.
Desfazendo a formação com o "peel off", para colocar os aviões em ordem de pouso. |
Pois durante a Manobra Real daquele ano (MR-76), três dos novos P-16E do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada (dos quatro que foram até lá), decolaram de uma base aérea improvisada em Uberaba, MG, no "País Azul". Voando "baixinho e devagarinho", ao menos para os padrões dos poderosos interceptadores franceses, a esquadrilha do 1ºGpAvEmb surpreendeu a Base Aérea de Anápolis, no "País Vermelho", onde ainda dormiam os Mirage, os "Jaguares", da 1ª Ala de Defesa Aérea (1ª ALADA). O resultado foi um ataque com o qual o GAE acabou com a "Força Aérea Vermelha" e seus reluzentes caças super-mega-hyper-sônicos.
Bom, deve ter demorado uns dez minutos pra gaiatisse vitoriosa criar a paródia, a partir da música "Mulher Brasileira", do "Benedito" de Paula, e que passou a fazer parte do cancioneiro da Embarcada:
"Agora chegou a vez, vou contar/pegaram o JAGUAR sem sair do lugar (BIS) - estribilho
O Xavante foi de isca/E o GAE lá por fora só no cisca/JAGUAR UNO falou ´tá uma festa/Depois recebeu doze bombas na testa.
(estribilho)
A defesa se confundiu/porque o radar nem nos viu/Depois do estrago que deu na vista/Quiseram atacar sem avião e sem pista
(estribilho)"
A revista Aerovisão, o órgão de Relações Públicas da FAB, deu conta da MR-76 falando dos exercícios de interceptação feitos pelos Mirage da ALADA sob orientação do CINDACTA, e dos lançamentos de foguetes feitos pelos T-25 do 2º Esquadrão Misto de Reconhecimento e Ataque (o combate às guerilhas comunistas ainda estavam muito presentes, claro). Nenhuma menção ao feito da Embarcada. Das sete fotos do artigo, nenhum Mirage, mas, também, nenhum P-16.
Em OUT76, comandava a Embarcada, o T.Cel Saback, que é o cavalheiro mais alto no centro da foto, de frente para a câmera, vestindo o 7ºB uniforme, camisa clara e calças "azul-baratéia". |
Seja como for, a reportagem discorreu sobre os objetivos e parâmetros pelos quais as unidades aéreas e de apoio foram avaliadas. No tocante à operacionalidade das unidades aéreas "[...] foi entendida como a capacidade de operar de um aeródromo sem instalações permanentes, num mínimo de tempo após a chegada, com prazo e taxa de esforço determinados [...]". Tendo realizado 42:35 horas de voo, o Primeiro Grupo de Aviação Embarcada bem parece ter correspondido às expectativas, considerando que era uma unidade aérea de combate voltada para a guerra sobre o mar, e não uma unidade de ataque/penetração, ou mesmo, anti-guerrilha, como demonstra o fato de ter-se mantido preparada para lançar NAPALM. Como dizia o Carlos Alberto, o último Sargento Fotógrafo da Embarcada: "...um dia é da Caça, os outros 364 são da Patrulha..."...
Caçador é um 'bicho" metido mesmo... mas quem estava lá, certamente não esqueceu a surpresa!
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