Pois fizeram os P-16 jogarem bombas, ao invés de torpedos; ou, "Hei, Jaguar! Se tu puderes, vem me peg(u)ar"...

A se acreditar na legenda, missões de bombardeio não eram novidade no currículo dos valentes e versáteis P-16. Aqui um avião da Marinha dos Estados Unidos ataca o Vietnã do Norte, em 1967(?).

 ...não importa que em 1976 os P-16E fossem novidades não só para o Primeiro Grupo de Aviação Embarcada, mas para o mundo aviatório brasileiro; os Mirage III eram as estrelas da FAB! Voando a duas vezes a velocidade do som, os lindos deltas prateados eram as vedetes; vedetes do Mundo, na verdade. Os israelenses vinham fazendo o diabo com eles lá no Oriente Médio, há mais de uma década, moendo, literalmente, qualquer coisa que os comunistas pusessem nas mãos dos árabes. E tudo com preços muito mais baixos que os dos aviões americanos; os Mirage eram sucesso de vendas no mundo inteiro.

Todas estas imagens eu escaneei diretamente dos negativos, que estavam entre o que pude guardar dos arquivos dos fotógrafos do GAE. Eu estimo que sejam do final de OUT, ou, início de NOV76, visto que, aparentemente, o ataque à 1ª ALADA aconteceu em 27OUT.

Desfazendo a formação com o "peel off", para colocar os aviões em ordem de pouso.

Pois durante a Manobra Real daquele ano (MR-76), três dos novos P-16E do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada (dos quatro que foram até lá), decolaram de uma base aérea improvisada em Uberaba, MG, no "País Azul". Voando "baixinho e devagarinho", ao menos para os padrões dos poderosos interceptadores franceses, a esquadrilha do 1ºGpAvEmb surpreendeu a Base Aérea de Anápolis, no "País Vermelho", onde ainda dormiam os Mirage, os "Jaguares", da 1ª Ala de Defesa Aérea (1ª ALADA). O resultado foi um ataque com o qual o GAE acabou com a "Força Aérea Vermelha" e seus reluzentes caças super-mega-hyper-sônicos.

O Mirage IIIEBR 4927, prestes a tocar a pista 24 em Santa Cruz, conforme o fotografei em 22ABR97. Aqui eles já não exibiam o brilhante acabamento prateado com debruns em vermelho, como em 1976. Pintado no topo da deriva, o Jaguar, símbolo da unidade, já rebatizado de Grupo de Defesa Aérea (1ºGDA).

Bom, deve ter demorado uns dez minutos pra gaiatisse vitoriosa criar a paródia, a partir da música "Mulher Brasileira", do "Benedito" de Paula, e que passou a fazer parte do cancioneiro da Embarcada:

"Agora chegou a vez, vou contar/pegaram o JAGUAR sem sair do lugar (BIS) - estribilho

O Xavante foi de isca/E o GAE lá por fora só no cisca/JAGUAR UNO falou ´tá uma festa/Depois recebeu doze bombas na testa.

(estribilho)

A defesa se confundiu/porque o radar nem nos viu/Depois do estrago que deu na vista/Quiseram atacar sem avião e sem pista

(estribilho)"

Após deixarem seus aviões, os tripulantes são postos em forma pelo mais antigo dentre eles, para a apresentação à maior autoridade presente, visto que houve alguma solenidade na recepção da esquadrilha vitoriosa.

A revista Aerovisão, o órgão de Relações Públicas da FAB, deu conta da MR-76 falando dos exercícios de interceptação feitos pelos Mirage da ALADA sob orientação do CINDACTA, e dos lançamentos de foguetes feitos pelos T-25 do 2º Esquadrão Misto de Reconhecimento e Ataque (o combate às guerilhas comunistas ainda estavam muito presentes, claro). Nenhuma menção ao feito da Embarcada. Das sete fotos do artigo, nenhum Mirage, mas, também, nenhum P-16.

Pode ser o comandante da Base, prestes a receber a apresentação da tropa formada pelas tripulações que trouxeram os P-16E de volta de Uberaba. O grosso do contingente do Grupo dependia de transporte em aviões cargueiros, junto com o equipamento necessário à operação dos aviões fora de sede.

Em OUT76, comandava a Embarcada, o T.Cel Saback, que é o cavalheiro mais alto no centro da foto, de frente para a câmera, vestindo o 7ºB uniforme, camisa clara e calças "azul-baratéia".

Seja como for, a reportagem discorreu sobre os objetivos e parâmetros pelos quais as unidades aéreas e de apoio foram avaliadas. No tocante à operacionalidade das unidades aéreas "[...] foi entendida como a capacidade de operar de um aeródromo sem instalações permanentes, num mínimo de tempo após a chegada, com prazo e taxa de esforço determinados [...]". Tendo realizado 42:35 horas de voo, o Primeiro Grupo de Aviação Embarcada bem parece ter correspondido às expectativas, considerando que era uma unidade aérea de combate voltada para a guerra sobre o mar, e não uma unidade de ataque/penetração, ou mesmo, anti-guerrilha, como demonstra o fato de ter-se mantido preparada para lançar NAPALM. Como dizia o Carlos Alberto, o último Sargento Fotógrafo da Embarcada: "...um dia é da Caça, os outros 364 são da Patrulha..."...


Como não há fotos de aviões de transporte, estes Sargentos da Embarcada deviam compor a Equipe de Sobreaviso daquele dia, responsáveis, portanto, por receber os aviões, e encaminhar quaisquer medidas necessárias para que eles estivessem prontos, na linha de voo, o mais rápido possível. Infelizmente, não conheço nenhum deles, pra resgatar-lhes os nomes.


Comentários

  1. Caçador é um 'bicho" metido mesmo... mas quem estava lá, certamente não esqueceu a surpresa!

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