Número de aviões versus eficiência em combate. Eficiência em combate versus interferência externa. Os dilemas da Marinha frente à Força Aérea Brasileira. e
...para quem acompanha a história dos porta-aviões, não é raro encontrar imagens de aviões projetados para fora, por sobre a borda do convés de voo (convoo). Num navio deste tipo, a essência do negócio, é a quantidade de aviões a bordo. Quanto mais, maiores as possibilidades de sustentar um número consequente de as operações aéreas ofensivas, sem interrupções ou diminuição, num determinado período de tempo. Os números de aviões disponíveis sempre sofre diminuições devido às necessidades de manutenção (algumas, são calendáricas, como as inspeções), acidentes e ação do inimigo (que certamente estará atirando em ti). Em consequência, mais aviões, maior necessidade de espaço. Não é por outro motivo que os aviões projetados para operar embarcados incorporam sistemas de dobramento de asas (quando não, também, de narizes e empenagens verticais). A demanda por espaço, evidentemente, se reflete no espaço disponível para manobras, armazenamento e estacionamento.
Por um motivo que desconheço, a prática da Marinha do Brasil (MB) com o Minas Gerais, era nunca estocar os P-16 e helicópteros no convés de voo. Se o avião não estivesse envolvido nas operações aéreas, ele era de pronto baixado para o hangar. Ali, não cabiam mais de oito P-16, e isto determinava e limitava o número dos aviões do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada a bordo. É verdade, contudo, que, pelo menos desde 1973, a MB procurou explorar a ideia de tornar o Minas em uma arma mais equilibrada, não apenas voltada ao combate anti-submarino (ASW), mas com alguma capacidade para enfrentar situações mais complexas envolvidas no conceito de Controle de Área Marítima. Na verdade, naquele ano um Estudo de Estado Maior se debruçou sobre aviões para "defesa aérea [interceptação e AEW], ataque, Guerra A/S [ASW] e apoio aéreo à OPANF [apoio a desembarques dos Fuzileiros Navais]".
Neste contexto, maior numero, e novos tipos de aviões a bordo, teriam lhe expandiriam não só os meios de autodefesa, como os meios de transformá-lo em uma plataforma ofensiva mais eficiente. Como a proposta alcançava a utilização dos E-1B para Alarma Aéreo, suas dimensões impediriam que fosse levado para o hangar, o que, forçosamente determinaria que alguns aviões ficariam estacionados no convoo, mesmo quando não envolvidos com as operações aéreas. Deve ter sido esta possibilidade que levou a MB a experimentar meios de aumentar o espaço disponível no convés de voo, conforme revelado pela (pra mim) absolutamente surpreendente foto do 7017 sendo projetado para fora do convoo, com a ajuda de uma extensão, ou seja lá como se chamava aquele equipamento.
Uma foto que foi uma completa surpresa pra mim. É uma pena que não tenham sobrado mais registros do trabalho do Suboficial Castilho, fotógrafo do Grupo em 1984. |
Mas tudo não deve ter passado de uma simples experiência, apesar da MB ter insistido em equipar o Navio com Super-Étendard (1982) e Sea Harrier (1986), para o que sempre esbarrou na recusa do Ministério da Aeronáutica (MAer), estrangulando as definições estratégicas dos homens da guerra no mar. Efeito resultante do esdrúxulo, anacrônico, arranjo brasileiro, que admite que uma Força Singular, dependa de outra, para estabelecer suas necessidades, no que diz respeito ao cumprimento das suas destinações constitucionais. Foi o que aconteceu há pouco, com a questão dos aviões do Exército Brasileiro...
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