Primeiro gancho da embarcada a bordo do Minas Gerais. Dúvidas e falta de registros (e as viúvas que se cuidem).

Foto do "Histórico Fotográfico" da Embarcada, operações aéreas embarcadas de 1965. Seria do primeiro embarque? 


...no dia 22JUN65, o P-16 7021 do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada realizou o primeiro pouso enganchado do Grupo a bordo do Minas Gerais. Na verdade, o primeiro pouso a bordo do Grupo foi feito por um dos nossos  helicópteros, em SET62, numa das manobras de relações públicas montadas durante a luta entre a Marinha e o Ministério da Aeronáutica (MAer). De fato, o primeiro "gancho", de 22JUN65, aconteceu ao cabo da longa disputa de quase uma década, iniciada em DEZ56, a respeito da questão se os aviões a guarnecer o Minas seriam da Marinha, ou, do MAer. Pois, em JAN65, consolidado o equívoco histórico e operacional, consubstanciado no decreto presidencial que destinou à Marinha apenas o direito de operar helicópteros, lá estava o pessoal da Embarcada, dentro da sua esfera de atribuições, "cumprindo as ordens das autoridades a que estava subordinado". Na verdade, alheios às conveniências e interesses guardados nos gabinetes do Planalto Central, os homens da Embarcada começavam a dar sentido à existência da Unidade, forjando seus elevados padrões, tanto de disciplina quanto técnicos, e de comprometimento com as complexas missões que lhes cabiam.

Nada poderia ser mais genérico "Operações a bordo do NAeL Minas Gerais".

Slide já muito deteriorado, encontrado mais recentemente, que mostra o estol do "Cardeal 09" (código do 7021 para a missão do dia 22JUN65), no seu toque e arremetida, que precedeu o primeiro pouso enganchado do 1º GpAvEmb a bordo do Minas Gerais (esta foto não está no "Histórico Fotográfico".

Um outro slide que encontrei mais recentemente, que mostra o 7021 no que poderia ser o primeiro gancho. O problema é que se podem contar mais de dez marcas de pneus no convés de voo (convoo) levemente maculado do Minas Gerais, o que ultrapassa seis, ou oito que seria de se esperar, após dois aviões (7021 e 7023) realizarem três, ou quatro, toques e arremetidas.

Infelizmente, os registros daquela primeira missão a bordo do Minas são muito, muito precários. Embora eu desconheça os arquivos da Marinha, a rigor, e para todos os efeitos, eles não recebem muita publicidade, e são de pouca ajuda, até agora. O estol de asa do 7021, ocorrido durante os toques e arremetidas que precederam ao primeiro pouso completo, é a imagem mais divulgada daquele evento, e aparece no livro "Os Cardeais", dos irmãos Lins de Barros, e no "Grumman S-2 no Brasil", do Casella & Rudnei, junto com uma imagem do 7021, sendo livrado do cabo de parada após o gancho, foto do acervo pessoal do distinto Almirante Jayme Leal da Silva Flores. Mesmo no âmbito da Embarcada, os dados e fotos sobre o evento estavam dispersos, sem montarem uma narrativa coesa. Serve de exemplo o grande álbum fotográfico intitulado "Histórico Fotográfico do 1º GAE", o último remanescente de registros fotográficos dos primeiros anos do Grupo. Ali não se encontrava (não sei onde foi parar este valioso documento), nenhuma referência específica ao "primeiro gancho", "primeiro embarque", "primeira UNITAS".


Nesta foto, e na precedente, o mesmo avião demonstrando distintos padrões na pintura da porta do trem de pouso dianteiro, ambas do "Histórico Fotográfico", sobre as Operações aéreas no Minas, de 1965. O problema é que, em NOV65, já bem no final do ano, evidências fotográficas do Arquivo Nacional demonstram que os P-16 do GAE ainda não haviam sofrido esta modificação. É possível que esta foto não seja de 1965.

Ao contrário; numa seção do álbum, para o ano de 1965, se registrou apenas, genericamente: "Operações a bordo do NAeL Minas Gerais - 1965". De fato, muito pouca coisa encontrava quem se interessasse em procurar pelo assunto. Se tivermos sorte, talvez, alguma coisa venha à luz, a partir dos arquivos pessoais dos veteranos, se os herdeiros tiverem sensibilidade histórica, se se preocuparem em preservar para a posteridade, o que os seus entes queridos realizaram em vida. Nas reuniões mensais do Instituto Histórico e Cultural da Aeronáutica, muitas vezes eu ouvi a anedota de que os piores inimigos da história eram as traças e as viúvas... tomara que não.

O 7023, possivelmente já próximo do final do primeiro embarque, quando se realizaram coisa de trinta e poucos pousos, o que parece compatível com as marcas no convés (eu não contarei)...

Embora fora de foco, parece ser o 7023, novamente. Note-se a concentração das marcas de pneus na área dos 3º/4º cabos, que são o alvo dos pilotos, durante o pouso.

Os majores Jordão (E) e Iale, que realizaram o primeiro gancho do GAE, a bordo do Minas, exibindo o remanescente do "Holdback", que ficava preso aos P-16, após a catapultagem. Possivelmente, a foto celebra mais este "primeiro"; pelo menos para a dupla.

As fotos do "Histórico fotográfico" são as digitalizações feitas pelos fotógrafos do 4º/7º GAv, Tenente Monteiro, Sargentos Atayde e Fonseca, que me honraram com a amizade e genuína camaradagem, na Seção de Inteligência. Foram eles que franquearam as imagens que hoje aproveita o distinto leitor...

Comentários

  1. Salve, minha gente! Sou o Felipe Salles do canal BaseMilitar Vídeo Magazine no YouTube, gostaria muito de entrar em contato com vcs pra fazermos algo juntos. Me mandem uma mensagem no fsalles@alide.com.br por favor.👍👍👍

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    1. ...oi, Felipe. Tchê, eu não quero te frustrar, mas eu moro na zona rural, e os contatos que demandam maior qualidade de internet tem se mostrado um desastre. Seria péssimo, como aconteceu com o Porta de Hangar, a coisa toda não funcionar na hora da Live. Mas, eu poderia te indicar pessoas da área Rio, que não se furtariam de abordar tópicos sobre a Embarcada.

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