Aniversário com nada a comemorar, senão, refletir e superar.

Duas décadas sob controle da Força Aérea, e a Aviação da Esquadra inglesa atravessou a guerra sem aviões embarcados apropriados. Adaptar aviões da própria RAF ao uso embarcado foi a medida de emergência empregada, até o final da guerra. Medida menos do que adequada; o célebre Spitfire, rebatizado "Seafire", alcançou uma taxa de acidentes maior que o dobro dos americanos Corsair e Hellcat, por exemplo. Estes, os ingleses precisaram adquirir para enfrentar os desafios da guerra no Pacífico; até porque, no quesito autonomia, o Spitfire, também, não era páreo para os aviões navais americanos, nem para as exigências do serviço a ser realizado.

...26JAN marca um aniversário pouco auspicioso. Nesta data, em 1965, veio à luz o Decreto 55.627, que lia no seu artigo 1º: “O atual 1º Gp Av Emb da FAB [...] será reorganizado e destinar-se-á essencialmente à defesa Anti-submarino operando de navios de superfície e também de base em terra.” Em seu Parágrafo Único: “Os helicópteros Anti-submarino atualmente existentes no 1º Gp Av Emb [...] serão transferidos para a Marinha do Brasil [...]”. Além disto, se dava à Marinha o "direito" (!!) de operar helicópteros, garantia explicitamente que o uso de aviões militares era exclusividade da Força Aérea Brasileira, bem no espírito da Regia Aeronautica (e como não dizer, da Luftwaffe), que lhe servira de modelo, como registrou o Brigadeiro Lavenére-Wanderley.

E foi assim que, pelos próximos 31 anos a Aviação Naval não pode estruturar-se de acordo com suas necessidades, no que dizia respeito ao emprego de aviões. A FAB e o Ministério da Aeronáutica funcionando como uma cunha, que impediam a abertura da porta. O Minas Gerais ficou capenga, a Marinha ficou capenga (como, ainda há poucos dias, o Exército ficou capenga sem seus aviões, dependendo, para cumprir as suas destinações constitucionais, do que, e quando, a FAB pode fornecer-lhes).

Claro, operacionalmente, como um todo, a Defesa do país dos pagadores de impostos, que merecem o consolo da eficiência na aplicação dos seus dinheiros, extraídos pelo Estado, fica capenga. Como aconteceu com a aviação embarcada da Marinha Real da Inglaterra (Fleet Air Arm, FAA), antes da segunda Guerra Mundial, que era controlada pela Força Aérea Real (Royal Air Force, RAF), o pior legado deste equívoco institucional é a inarredável perda de tempo. Tempo perdido quando não se desenvolve o traquejo (Know How?) dos homens do mar (e do Exército), nas questões da sua lida que se ligam à utilização de uma parcela tão importante dos meios aéreos, quanto são os aviões.

Nada obstante, longe dos gabinetes e dos arranjos decisórios entre os interesses institucionais, para sua honra, os homens do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada cumpriram com retidão, com muito (muito) suor, e com o sangue dos seus heróis, a destinação que lhes coube. Lutaram grandemente, inclusive contra a própria FAB, que nunca entendeu a língua naval, a língua que se fala a bordo de um navio de guerra, e num teatro de operações marítimas, a língua que o 1º GpAvEmb dominava por ofício. Não há imagens suficientes, que descrevam estes esforços e sua honestidade de propósito.

Seja como for, como nos demais exemplos históricos desta natureza, contudo, o fim do arranjo desastrado não poderia ser outro: a exaustão. Foi o que aconteceu tanto no caso da RAF/FAA, como no da Regia Aeronautica e da Luftwaffe, embora estas duas tenham comprovado a ineficiência, sendo superadas em combate ("...tudo o que voa me pertence..." teria dito Herr Goering!). Mas, tanto num caso, como no outro, a extinção. E é de bom alvitre, evitar a extinção. Todas as fotos são imagens avulsas colhidas, principalmente, depois da desativação do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada...




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