Eu vejo um alvo no radar, mas... atiro ou não atiro... é um submarino, ou uma traineira?

 ...as fotos em preto-e-branco que ilustram este artigo são de 1951, feitas por J. R. Eyerman, para a LIFE. Em 1951 ainda não existiam os S2F, os P-16 do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada, mas o poderoso Farol-de-Busca, o 'Seachlight', que aparece proeminentemente nas fotos, já era um equipamento provado, e em pleno uso pelos aviões dedicados a caçar submarinos. Este era um equipamento tático importante, pois se a tripulação do avião atacante podia encontrar um alvo usando o radar à noite, não tinha como identificá-lo positivamente; neste caso, como atirar? E se não atirassem, e fosse o inimigo? A necessidade de identificação visual era grande, sem dúvida. A designação oficial do equipamento era AVQ-2 e podia estar integrado à célula, como nos P-15 e P-16 da FAB, ou, montado em "pods", conforme apareceram originalmente, e continuaram a ser instalados, como nos P-3 "Orion" iniciais, por exemplo.

Foto que eu fiz, em JAN91, flagrando o "monstro sagrado", Sargento Nogueira, o nosso "Magro", Especialista em Sistemas Elétricos, pondo um farol de busca em ordem, na linha de voo de Santa Cruz. Não havia idiossincrasia do sistema, já muito desgastado, que não se dobrasse à inteligência aguçada do Magro. Nós, seus colegas, assistíamos, sempre, com vontade de aplaudir.

Seu princípio de funcionamento baseava-se na geração de um 'arco-voltaico', uma centelha poderosa e contínua, que saltava entre os carvões positivo para o negativo. A luz gerada por esta emanação de energia luminosa, da ordem de muitas dezenas de milhões de Candelas, era refletido por um espelho côncavo, e projetada por milhas à frente do avião. Assim como a potência luminosa, o calor gerado era coisa pra se ver, impossível descrever. Tanto que, mesmo em voo, o equipamento não podia ficar ligado mais de 30 segundos, sob pena de destruir o domo transparente que o recobria.

O submarino é o USS Clamagore SS-343.

O Espelho podia ser movimentado através de comandos aplicados pelo 2P, o copiloto, numa unidade de controle que ficava ao alcance da sua mão direita, na altura da grande bolha que lhe servia de janela. Através de "motores síncronos" (coisa do tempo das válvulas), o feixe de luz podia ser movimentado alguns graus para a ESQ e DIR, para cima e para baixo. Por certo que este tipo de equipamento, pertence a museus, apenas. Hoje, inúmeros equipamentos passivos para a identificação de alvos permitem que o avião atacante execute seu trabalho sem revelar a sua posição ao inimigo.

A foto mostra que o avião parece ser um PB4Y da Marinha dos Estados Unidos, empregando o seu "Searchlight".

Os Sargentos Paulo Sérgio (ESQ) e Ribeiro dão suporte ao Nogueira, sobre a escada de manutenção. Reparem que há um outro espelho atrás do Paulo Sérgio, indicando uma pesquisa de pane com algum grau de dificuldade. Foto de FEV91. 


O farol no seu casulo. Na parte de baixo da bolha havia uma tela para evitar que fragmentos incandescentes dos carvões que, eventualmente, se desprendessem, danificassem o plástico. No trator em primeiro plano, de costas para a câmera, aparece o Sargento Gilmar Lima, especialista em armamentos. De perfil o mecânico, Sargento Cypriano, e à ESQ, um dos grandes tratoristas que iluminavam a Embarcada, Cabo Corrêa. Foto do início de 1989.

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