...entre 06 e 17ABR87 o Primeiro Grupo de Aviação Embarcada (1ºGpAvEmb), como componente do Grupo Aéreo do Minas Gerais, o primeiro porta-aviões a navegar sob a bandeira brasileira, realizou exercícios operacionais, que incluíram uma patrulha até a ilha de Trindade, a sabida ponta mais a oriente do território do Brasil. O fato da visita a trindade se depreende da foto em que aparece o Sargento Tenório, fotógrafo, ele próprio. Contudo, o crédito pelas fotografias deste embarque, conforme os registros que possuo, são do Suboficial Castilho, também fotógrafo do Grupo, já na reta final da sua carreira.
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Sargento Tenório, um dos fotógrafos que serviu ao 1º GpAvEmb, usando a ilha da Trindade como pano de fundo da sua foto. |
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O UP-16A 7024, numa decolagem livre, sem auxílio da catapulta. A linha decorada à ESQ é a catapulta, a linha branca paralela é a referência usada pelo piloto, para a decolagem livre. A linha oblíqua, branca e vermelha, demarcava a área de segurança que se deveria guardar, durante pousos e toques e arremetidas. A princípio, a partir dela, os homens e o equipamento estariam livres de serem atingidos pela ponta da asa de um avião que encontrasse problemas durante aquelas operações. |
Ele, o SO Castilho, eu suponho que deva ter servido de mentor ao Tenório neste evento. Também, a julgar pelo número de UP-16A nas fotos, aquele embarque, apesar de tê-lo listado como "operacional", ou seja, dedicado a exercícios anti-submarino (ASW), deve ter servido, também, para a realização de catrapo. O catrapo é como chamávamos as operações aéreas voltadas exclusivamente para a qualificação, manutenção da qualificação, e requalificação, tanto de pilotos, quanto de Oficiais Sinalizadores de Pouso (OSP). Os UP-16 eram aviões mais velhos, convertidos a uma configuração utilitária, sem os equipamentos de detecção ASW, e que serviam, também, para treinamento, poupando os aviões operacionais. Bem, o atento leitor haverá de pensar: "Quantas suposições!" Pois as suposições, aqui, são inevitáveis.
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O comandante do Grupo, TCel Rômulo, exercendo o papel de OSP, assistido pelo Major Souza Lima. Como observadores, aparentemente, Tenente Cavalcanti (D) e Tenente Fleming. Um olhar atento vai revelar que o Ten. Fleming vestiu seu gorro de trás-pra-frente. |
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A equipe de convoo e uma parte da tripulação do avião posam para a posteridade. Eu acredito que este voo devia estar levando o pessoal para terra. Não se fazia catrapo com passageiros a bordo. Outra dica é a presença do Sargento Cantídio, segundo a partir da DIR. Em nome de todos os santos, o que o Sargento Almeida fazia, de tênis (segundo a partir da ESQ)! |
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Uma foto, possivelmente, posada. Esta seria uma situação bastante irregular, o Maj. Souza Lima aparece sozinho na plataforma, sem o auxiliar do OSP, e sem o marujo que lhes serviria de apoio, fazendo a leitura de balanço e caturro. Compare com a foto mais acima. |
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Com o sol ainda bastante baixo, o TCel. Rômulo dirige-se ao avião que lhe foi designado, acompanhado de um convidado. A julgar pelo uniforme dos marinheiros que aparecem lá à vante no navio, esta foto deve ter precedido o desfile que aparece abaixo. |
Na verdade, durante os processos de estabelecimento do 4º/7º GAv sobre o espólio do extinto 1º GpAvEmb, a partir de meados de 1998, foram realizadas muitas "limpezas", e toneladas de papeis, registros de voos, relatórios de toda natureza, operacionais, administrativos, institucionais, tudo virou papel-higiênico. E o pior é que ninguém mais lembra do gosto do churrasco pago por aquelas vendas. Seja como for, hoje, é muito difícil estabelecer a natureza de muitos eventos. Salvo quando algum veterano, motivado pelas postagens, me diz: "Dessa eu lembro!" e abre seu baú pessoal de memórias. Hoje é praticamente impossível estabelecer um cruzamento entre as informações fotográficas e os registros escritos.
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O Brifim Dois, o santuário da Embarcada, a bordo. No fundo à ESQ, a porta de acesso ao longo corredor que percorria o convés da galeria (que contornava o hangar, acima do nível do próprio convés do hangar). Por ele se ia da pra a popa do Minas. |
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A outra banda do Brifim Dois. A antepara (parede) inclinada, é o próprio contado do navio. Capacetes e coletes individuais, devidamente identificados, pendem de cabideiros fixos. Lá atrás, uma copinha, onde se fazia café, e se preparavam os tira-gostos", mormente com queijo e presunto, trazidos de Santa Cruz. |
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O convés do hangar admitia canchas de futebol de salão e volei (basquete?), usados quando no porto, evidentemente. Torcida e banco de reservas da FAB. A julgar pelas memórias e humildade dos veteranos da Embarcada, nossos times não devem ter tomado, nunca, um gol sequer nestes jogos contra o pessoal de Marinha. Observou recentemente um reconhecido 'boleiro' do GAE, sobre um comentário menos airoso à uma jogada sua: "...nunca houve, na minha humilde trajetória, uma jogada sequer, ridícula..." |
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O confinamento, o afastamento da família, a rígida disciplina de Marinha, quase tudo carrega o ambiente a bordo de um navio de guerra. As oportunidades de relaxamento são uma estratégia para distensionar os espíritos. Alguma celebração no rancho dos Suboficiais e Primeiros Sargentos. |
Ora, a sagacidade do leitor, nada obstante, haverá de conduzi-lo à conclusão: "Bom, historiador! tu não és caixote, portanto, TE VIRA!" Pois bem, de certo mesmo resta o fato de que estávamos num navio de Guerra, propriedade daquele país amigo, a Marinha, e eles tem lá seus rituais. E nós tínhamos que assimilar e nos integrar àquela cultura tão (TÃO!) diversa da nossa. Coisas lindas de se ver, mas lá, na hora, era o que tínhamos para sobre o que reclamar. Virava e mexia, lá estava nosso nome numa escala de "postos de fundear", escala de "suspender", escala de visitação; formaturas de arriamento da bandeira, desfiles navais... e o Bom Deus sabe de tudo o mais que eu estou esquecendo.
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Cabos e Soldados do 1º GAE durante uma cerimônia de arriamento da bandeira. |
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Sargentos, na mesma ocasião. |
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Oficiais da Embarcada, no seu respectivo grupamento. |
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Após as formaturas, havia sempre alguma oportunidade de relaxamento, e alguma contemplação (os que estivessem menos preocupados com o rancho), pois o cenário era, sempre, magnífico. Aqui alguns oficiais do 1º GAE, juntos a oficiais da Marinha. O TCel Rômulo é o quinto, a partir da DIR. |
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Na mesma oportunidade, Sargentos da Embarcada. |
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A tripulação formada saúda alguma autoridade a bordo, em honra de quem se dará o desfile aeronaval que se segue. |
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Em porto, o navio era todo iluminado, servindo de atração. Os aviões e helicópteros já entravam no porto na posição para as visitações públicas, que invariavelmente, aconteciam após o almoço, no dia seguinte à atracação. |
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A coberta A-214-1LA. Esta coberta ficava no convés da galeria, a Bombordo, A porta estanque às costas do sargento Ricardo, levava ao rancho, e aos espaços da proa, com as máquinas das âncoras. Com mar mais agitado, as portas estanques eram necessárias, pois o mar invadia por ali. |
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depois da "Volta às Faxinas", podia-se arrumar a cama, de novo, e qualquer espaço podia ser aproveitado para uma charla, mais ou menos privada. |
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Brifim Dois, depois do banho, aguardando o jantar, ou, depois do jantar, aguardando um filme (VHS); aguardando alguma reunião, ou, simplesmente aguardando o tempo passar. O Navio era bom lugar para ler. |
Faltou a escala de "faina de mantimentos" normalmente feita no período da licença no porto . Um tormento para os Soldados se fosse no dia do churrasco no Clube dos Sgt ou do Baile do Marinheiro. Um abraço.
ResponderExcluir...muito obrigado Wiliam! Pois é, eu estava menos ao corrente desta escala, mas já vou incluí-la, numa pxa. vez. Outro abraço!...
ExcluirSOBRE O TÊNIS: Como doc suponho que poderia tratar-se de um caso de joanete ou unha encravada... como a experiência mostra, é melhor usar tênis do que chinelos para evitar a galhofa...
ResponderExcluir...taí uma explicação, Gustavo! Muito obrigado! pena que o Almeidinha, ele próprio, não tenha visto a provocação; e explicado cabalmente o causo...
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