Na memória da aviação cabem navios, bichos e reis das profundezas.

A proa do navio invade um mundo muito diferente do que o comum dos mortais está acostumado a encarar. Uma vez eu fiquei olhando golfinhos desafiarem o Minas Gerais para uma corrida, desta janela aí... só não estava com a minha máquina fotográfica à mão.

...nem todos os caras do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada gostavam de embarcar. Alguns ficavam realmente abichornados, e quedavam tristes, pouco comunicativos (outros, irritadiços), reagindo à separação familiar e ao confinamento. Outros sofriam de enjoos, quer por efeito do mar, ou, do cheiro de tinta, que domina a vida a bordo dos navios de guerra. E, quanto mais os dias se estendiam longe do Rio de Janeiro, piores eles iam ficando. Pessoalmente, achava aquilo uma pena. Havia tanto para ser visto, mesmo que o sujeito não fosse um entusiasmado por aquele mundo da Marinha de Guerra. De fato, algumas vezes eu convidava um triste daqueles a sair do Brifim Dois, da coberta, e ver aquele céu de longe de terra, quer de dia, quer de noite. Na verdade, qualquer saída para os espaços abertos do navio, a qualquer hora, ofereciam belas, inusitadas surpresas, sendo as mais comuns as revoadas de peixes-voadores, rasando sobre a água, assustados, talvez, pela passagem daquele gigante de aço. Durante a noite, a bioluminescência dos organismos na água era o espetáculo mais aparente. De fato, o vivente encontrava com uma enormidade de fauna e flora marinha, e mais inusitada ficava a experiência, quanto mais longe o Minas Gerais nos levava, das costas equatoriais. Pena mesmo, é que nem sempre nós estávamos com a máquina fotográfica à tiracolo.

No nordestão de 1988, o fotógrafo da Embarcada flagrou os golfinhos como se fossem torpedos, avançando para o Minas Gerais. Imagem escaneada diretamente do negativo, muito deteriorado. Uma pena.


Na entrada de Puerto Belgrano, Argentina, eu flagrei essa gente disputando um lugar para o banho de Sol. NOV95.


O primeiro esquilo que eu vi na minha vida. Pensacola, FL, enquanto o Minas estava por lá para pegar seis helicópteros para a Marinha. 

Curiosidade a respeito do navio diferente? Parecia que estavam posando para a câmera, paradinhos no ar. Puerto Belgrano NOV95.

Mais passarinhos exóticos

Fauna exótica no ar e no mar. USS John C. Stennis em provas de mar no Golfo do México, MAI96.


em roda do Minas Gerais, enquanto em águas austrais.

Pelicano, em San Juan, Porto Rico, MAR94.

Entidades subaquáticas, também muito pouco usuais, a bordo do Minas Gerais, quando ele cruzou a Linha do Equador em FEV94. Claro que o atento, e distinto, leitor logo identificou o personagem pelo seu tridente, sim! Neptunus Rex! e sua corte.


Mais uma que deve ser da produção do Sargento Carlos Alberto.

Este negativo, estava num envelope marcado como "Argentina". Sendo lá de que ano seja, 1994, ou, 1995, a imagem deve ter sido feita pelo Sargento Carlos Alberto, fotógrafo do Grupo nos seus últimos anos, e conseguiu pegar o momento exacto do salto... 

...já durante a UNITAS de 1985, o fotógrafo acionou o obturador um pouquinho depois da hora....

Comentários

  1. Imagino o que terias feito se tivesses uma câmera digital naquele tempo...

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  2. Eu sou testemunha e protagonista de uma dessas conversas sobre a extraordinária experiência que vivíamos naqueles dias. Lembro que falamos sobre "histórias a ser contadas aos netos" e também sobre "o privilégio de viver tudo aquilo e ainda ganhar para tal". Embora, como a maioria dos nossos companheiros, discordasse em alguns pontos sobre as maravilhas e os privilégios de embarcar no NAeL, como poderia tentar contaminar com a minha imaturidade e rabugice precoce o olhar de um amigo que desde a juventude sonhava em voar o nosso P-16 e embarcar no Minas?
    Essa conversa se deu no meu último embarque, o de Pensacola, em 1996, um pouco tarde para um outro embarque com uma nova visão, mas ainda a tempo de fazer as pazes com o Mingão.
    Pois bem, meu grande irmão, essa é mais uma daquelas conversas que acabam rendendo muitos caracteres e é melhor eu parar por aqui. Parabéns pelo belo trabalho, vou visitar o blog de agora em diante e acompanhar as histórias que vivemos juntos e também as outras que foi testemunha, buscando sempre que possível contribuir com um ou outro comentário.

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    1. ...meu mano querido, meu querido Leal! muito obrigado por tuas palavras, por teu testemunho (que não deixa que eu me transforme num contador de "histórias de pescador"). Isto haverá de emprestar cores de verdade ao que pretendo deixar pra posteridade, registrado, sobre o que nós do 1º GAE fizemos em nossas vidas; com nossas vidas. Muito obrigado por tudo, por todas as lições que me destes. Tua inteligência, maturidade, LEALdade, influenciaram demais a vida daquele 3S bisonho e idealista (falta de contato com o mundo mais, digamos, "real"), e que se manifestam, refletem, agora, nestes registros. E tu tens razão, es: estas conversas tendem a enfileirar caracteres demais...

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