Sobre vazamento de óleo, e acervo de fotografias.

... lá pelo início de 1979, o Sargento Aguiar, fotógrafo do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada, talvez, sob a direção do Subofial Castilho, o fotógrafo mais antigo, abriu um livro de registros dos trabalhos realizados pelos fotógrafos do Grupo. Coerentemente, o Sgt Aguiar iniciou registrando os negativos que já estavam pela seção, mas que ele desconhecia o autor e as datas. Ele escrevia nos campos apropriados: "S/D", e "Aguiar", salvo na primeira linha, onde ele registrou o envelope numerado como "01". Ali, acima do seu próprio nome ele inseriu em apertadas letrinhas que ocupavam o pouco espaço livre da linha respectiva: "desconhecido". A respeito das datas, os "S/D" seguem até a quarta página onde para o envelope "44" ele escreveu um "1975". Do "45" até o "48", aparece "1979", e, finalmente, o envelope "49" recebeu a data "AB/79"; a partir daí a precisão das datas melhora consideravelmente.

Pois eu tive a sorte de encontrar este livrinho de registros depois da desmontagem do 1º GpAvEmb, e guardá-lo. Isto veio a calhar por uma outra oportunidade que me brilhou: encontrar os próprios envelopes onde foram sendo guardados os negativos produzidos pelos fotógrafos que se sucederam pelos anos, na Embarcada. Infelizmente, para a posteridade, a qualidade dos registros experimentou altos e baixos, variando com o capricho de uns e outros. A manutenção dos negativos também, uma vez que encontrei muitos claros, muita coisa foi retirada e não devolvida; os envelopes estavam lá, mas não os negativos. Tanto que, para as fotos em P&B que aparecem aqui, eu não encontrei registro algum no livrinho.

 Contudo, o  envelope numerado "314", registrado com a data de 17OUT91, tem escrito em si o título de sete eventos, e apenas um deles com data: 17OUT91("Incidente de foguete anv. 7033"), a mesma encontrada no livrinho. Pois entre estes sete eventos se pode ler: "7037 SUJA(sic) ÓLEO". Dentro do envelope, apenas negativos relativos a quatro eventos diferentes, sendo que um não está listado na face do envelope. Estes negativos estão embrulhados e identificados separadamente, por evento, e o do 7037 sujo de óleo tráz a data de 07AGO91. Seja como for,  as imagens do 7037 me reportaram imediatamente a uma foto que eu mesmo tirei, de um evento do qual, embora eu ainda me lembre, já não tenho mais ideia das circunstâncias que o envolveram. É a foto colorida abaixo, que eu tenho nos meus negativos de JUL91.

Um dos pilotos daquele voo, o Tenente Jair, de pé sobre a escada de manutenção, ainda vestindo seu equipamento de sobrevivência, numa charla com o Sargento Gilberto, mecânico, agachado sobre a asa;  ambos já falecidos. Os dignos leitores podem não acreditar, mas, alinhado com o radome do radar, na barriga do avião, de pé, com as mãos para trás, ouvindo o diálogo dos dois, está o João Filho, completamente camuflado contra o fundo "oleaginoso" da nacelle do motor. 


Como se vê, o 7037 experimentou um severo vazamento de óleo no M2 (motor dois; os motores se contam, sempre da ESQ do piloto, para a DIR). Como eu já declarei, eu não lembro das circunstâncias, mas, a julgar pela hélice não embandeirada, acredito que a tripulação não precisou recorrer a um voo monomotor, embora ela possa ter sido desembandeirada antes do corte do motor bom, no caso, M1. Nos P-16, a pressão de óleo e a energia elétrica que operavam o embandeiramento de uma hélice, eram fornecidos pelo motor contrário. Seja como for, naquele dia o evento foi julgado importante o bastante, para justificar uma cobertura fotográfica oficial, a pedido do Oficial de Segurança de Voo (OSV) do Grupo, à época, como se deduz do nome escrito no pacotinho com os negativos, o Tenente Roberto. Mais tarde, este oficial haveria de comandar o 4º/7º. Desde recém chegado ao GAE, devido à sua compleição física, e o "tranco" característico no andar, nós o chamávamos de "Pantera Cor de Rosa"... mas ninguém diga isto a ele...

Aparentemente, o rompimento de uma tubulação de óleo na seção de potência foi a causa deste incidente


O óleo transforma a nacelle do motor do 7037 num espelho, se vê a pista de taxi, a orla de mato além da pista, com o morro do paiol, e, possivelmente, o palanque do stand de tiro, além da própria empenagem DIR.

Seja como for, depois de tudo e de todos, contudo, eu ainda me pergunto onde foi parar o acervo de negativos (e fotografias) do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada, de 1957, até o Sargento Aguiar começar seu trabalho de registros...

Comentários

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    1. ...agradar aos professores é sempre uma satisfação. Muito obrigado Rudnei!...

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  2. Muito oportuna a sua pergunta, Thiesen, a respeito das imagens anteriores ao sgt Aguiar. Dou outro exemplo: nos álbuns de fotografias da Base Aérea de Canoas, estranhamente o primeiro volume se inicia com fotos da desativação dos Curtiss P-40 do esquadrão Pampa, em 1954. E antes? E toda a rica história anterior? E o período do aeródromo antigo, do outro lado da cidade, que operou desde 1937? E que fim levou o histórico Ícaro Atávio, que era monumento na BACO até o início dos anos 90? Quem o levou para casa? Muitas perguntas no ar...

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    1. ...Boni, mais e mais eu me convenço: se EU não fizer, NINGUÉM faz. Preocupação com a preservação é um ato de iniciativa pessoal, que não admite demoras...

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