O 1º Gp Av Emb e as Tradições navais; ou, o que é que esses caras de azul estão fazendo aqui?...
...na história da aviação no Brasil, o Minas Gerais era uma coisa diferente dos padrões estabelecidos (e, na história naval, também). Uma espécie de "zona de ambiguidade", na medida em que nele, uma arma naval, se configurava um ser/não ser. Vejamos: para que uma primeira Força Singular (a Marinha) levasse a cabo plenamente a sua finalidade constitucional de defender o país, ela dependia de que outra Força Singular (a Força Aérea) realizasse papéis que, por óbvio, seriam parte das atribuições da primeira!
...não, não adianta resistir aos Fuzileiros... só vai doer mais... |
Considerando o inusitado do arranjo montado sobre o primeiro porta-aviões brasileiro, ninguém deixará (muito menos o tão distinto quanto atento leitor) de pensar na "jabuticaba", pois consta, popularmente, que a jabuticaba só ocorre, é uma exclusividade aqui do Brasil. Bueno, botânica à parte, e por essas circunstâncias histórico-sociais-culturais que marcam e dão tanto uma cara de "Brasil" pra certos fenômenos (únicos como a jabuticaba), no velho e querido Minas Gerais convergiam as matérias heterogêneas de duas Forças Armadas singulares. Contudo, "heterogêneas" são as instituições, não os homens. Deriva daí que era necessário que as maneiras da Marinha, em alguma medida, fossem absorvidas pelo "componente" Força Aérea daquela mistura.
...é inevitável, o teu orgulho vai te destruir... ou os teus amigos dedo-duros... |
...contra a fúria do Rei dos Mares, nem as platinas de T. Cel são abrigo. O então comandante do 1º GAE, T. Cel. Reale se curva aos poderes que, evidentemente, são maiores do que os dele. |
Servindo sob controle operacional e administrativo da Marinha, o Primeiro Grupo de Aviação Embarcada tomou alguns ares de "ilha" no contexto da Força Aérea como um todo. Não só operacional, mas culturalmente. Quem, na Força Aérea (o nobre leitor jamais me surpreenderá empregando o termo "aeronáutica"; O GAE - e eu - éramos da Força Aérea, nosso "métier" não era "navegar no ar", era combater no ar), poderia aprender a manusear e empregar torpedos, guarnecer postos de fundear em portos espalhados pelo mundo, ou, conhecer pessoalmente o Rei Netuno, numa cerimônia de cruzamento do Equador?
O Sargento Paulo Sérgio, o sujeito mais cordato e recatado que o Minas Gerais jamais conheceu, também não encontrou refrigério diante do Tridente. |
Nestas fotos, uma manifestação daquela velha tradição Naval: ao cruzar a Linha do Equador, um navio recebe a bordo o Rei Netuno e sua Corte, que constrangem a tripulação a entregar-lhes o comando do navio. Na sequência, os novatos que se vejam diante de "Neptunus Rex" por primeira vez, são submetidos ao batismo apropriado. A cerimônia é conduzida pelas autoridades eclesiásticas daquele Reino, e sua apropriada e musculosa guarda de Fuzileiros Navais, sempre disposta, e capaz de, perseguir, capturar e subjugar os recalcitrantes... de resto, é tomar o teu chimarrão aproveitando a Rotina de Domingo (alguém, só na FAB, saberia o que é isto?), o sol e a paisagem rara. As imagens, conforme aparecem até aqui, de cima para baixo no artigo, foram escaneadas diretamente dos negativos, muito deteriorados, da CARIBEX 94, fotos do Carlos Alberto, fotógrafo da unidade à época. estes negativos eu os retirei dos rescaldos da desativação do 4º/7ºGAv, que detinha os arquivos do extinto Primeiro Grupo de Aviação Embarcada. As fotos abaixo foram feitas por mim, e servem mais para realçar o caráter de festa da festa.
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